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O Arminianismo e o Soli Deo Gloria

Em nossos dias, há uma grande necessidade de pregarmos e ensinamos que a glória somente é para Deus.

fonte: Guiame, Ediudson Fontes

Atualizado: Terça-feira, 28 Novembro de 2023 as 3:01

(Foto: Unsplash/Gabriel Lamza)
(Foto: Unsplash/Gabriel Lamza)

Conhecido como o quinto axioma da Reforma Protestante, o soli Deo gloria (somente a Deus a glória), é um dos pilares que as Escrituras destacam no seu ensino. Deus é o único digno de louvor e adoração (Lucas 4:8; Êxodo 34:14; João 4:24 e Apocalipse 4:11). Os reformadores, nos seus escritos e sermões, enfatizaram a adoração a Deus que foi deixado de lado naquele contexto da igreja. Fomos feitos para a glória de Deus, para expressar e adorar a Ele, que é digno de louvor. É dessa forma que as Escrituras ensinam claramente. Não existe meio termo no ensino bíblico, a adoração a Deus é 100% para Ele.

Mas afinal de contas, o Arminianismo reconhece soli Deo gloria? Os seus críticos afirmam que a Teologia Arminiana possui um ensino herético e antropocêntrico, e não reconhece a glória de Deus. Essas e outras afirmações contra o Arminianismo sabemos que são calunias, espantalhos e fakes news que não possuem nenhum fundamento ou verdade nas declarações. Fazem essas tais afirmações porque nunca leram obras arminianas e repetem essas declarações falsas para denegrir o Arminianismo. Infelizmente, esses que fazem esse desserviço ao Corpo de Cristo se aproveitam do momento oportuno para “enaltecer” a sua “teologia pura”. Mas esquecem que a Teologia é uma ciência que possui suas limitações porque ela não é eterna. Só Deus é eterno!

A Teologia Arminiana segue a ortodoxia bíblica e interpreta o sola Deo gloria como tem que ser interpretado. Armínio afirma sem a graça de Deus “o homem não é suficiente ou capaz de pensar, ter vontades, ou fazer qualquer coisa que seja boa” (ARMÍNIO, 2015, p. 231). O teólogo holandês está explicando que, só pela graça de Deus, o ser humano pode realizar ou ter atitude gratificante. Pois sem a graça de Deus, o ser humano não pode agradar a Deus. Corroborando com o raciocínio, Roger Olson define que “o fundamento essencial do arminianismo clássico [e wesleyano] é a graça preveniente. Toda a salvação é absoluta e inteiramente de Deus” (OLSON, 2013, p. 205).

O Arminianismo ensina que a graça de Deus toma a iniciativa, alcança o perdido, capacitando a crer em Cristo, e continua trabalhar na vida do salvo. Então surge a pergunta: aonde está o ensino antropocêntrico ou herético? Não existe resposta para essa pergunta.

O Arminianismo não só ensina que a graça opera no ser humano perdido para se converter a Cristo. Mas a graça continua o seu trabalho na vida do salvo em Cristo. Thomas Oden, que é teólogo metodista e biógrafo de John Wesley, explica o pensamento do líder do Metodismo no seu Sermão Santidade e dons para glória de Deus, afirmando que “o poder do Espírito Santo para nos tornar santo assim como Deus é santo. Mesmo dentro dos limites de nossa finitude, nós podemos refletir a glória da santidade de Deus” (ODEN, 2012, p. 83).

Se Wesley fosse um grande admirador do pensamento pelagiano, jamais usaria as expressões “poder do Espírito Santo” e nem “a glória da santidade de Deus”, porque quem tem capacidade em si de realizar assuntos no âmbito espiritual, não tem necessidade da dependência de Deus. Mas Wesley, um legítimo pregador bíblico, arminano e um herdeiro da Reforma Protestante como Jacó Armínio, pregava e destacava que a glória é somente para Deus!

Em nossos dias, há uma grande necessidade de pregarmos e ensinamos que a glória somente é para Deus. Igrejas que realizam cultos para “idolatrar” cantores, pregadores e líderes. Estão pecando contra Deus, pois Ele não divide a Sua glória com ninguém! Essa triste realidade, está enraizada em nosso meio. Precisa urgentemente ser combatida para que o Corpo de Cristo seja edificado espiritualmente e a expressão da glória de Deus seja magnificada em nossas igrejas. O foco principal dos cultos não deve ser para os “astros gospel”, mas o legítimo culto é para Deus. Sola Deo Gloria!

Referências bibliográficas:

ARMÍNIO. Jacó. As Obras de Armínio – Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

ODEN, Thomas. John Wesley’s Teachings – Volume 3. Grande Rapids, M1: Zondervan, 2012. 

OLSON, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013.

Leia o artigo anterior: O Arminianismo e o Solus Christus

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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