As Escrituras destacam que Deus é o único ser digno de adoração e louvor. Esse ensinamento é claramente expresso tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Esse lema era tratado com grande seriedade pelos reformadores. Deus é soberano e o único digno de receber adoração. Segundo Anglada, "a ênfase de Calvino, assim como a dos demais reformadores, está na pregação do evangelho e na soberania de Deus" (ANGLADA, 2005, p. 137).
Essa concepção não se limitou apenas à Reforma. Teólogos da pós-Reforma também corroboraram a ideia da soberania de Deus e da adoração que pertence exclusivamente a Ele. O teólogo holandês Jacó Armínio e seus seguidores reconheciam que "a bondade de Deus é tão fundamental quanto o seu poder" (OLSON, 2013, p. 115).
A teologia arminiana enaltece a soberania de Deus e a adoração exclusiva a Ele, em total consonância com os reformadores.
Os pentecostais, como legítimos herdeiros da Reforma Protestante, compartilham com os reformadores o lema de que a adoração é exclusivamente a Deus. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define que "cremos, professamos e ensinamos que a adoração é serviço sagrado, culto, reverência a Deus por aquilo que Ele é e por sua obra" (GCADB, 2017, p. 31).
A teologia pentecostal nunca ensinou que a Igreja de Cristo deve adorar homens ou depender deles. Ao contrário, os pentecostais sempre reconheceram a soberania de Deus, e a adoração nos cultos é direcionada somente a Ele.
A manifestação do poder do Espírito Santo e os dons espirituais são demonstrações do ato soberano de Deus. Os pentecostais sérios nunca se aproveitaram desses atos para engrandecer seu ego, mas sempre exaltaram o Deus eterno. O ato de afirmar que Deus só opera em uma igreja exclusiva é antibíblico. Na sua raiz teológica, os pentecostais nunca ensinaram esse falso ensinamento.
O teólogo pentecostal Esequias Soares destaca que "o 'nome de Deus' está revelando o poder, a grandeza e a glória do Deus Todo-poderoso" (SOARES, 2014, p. 59 e 60). A teologia pentecostal sempre enfatizou a glória de Deus nos cultos. O que vemos hoje em muitas igrejas, como a adoração a líderes, pastores presidentes, cantores e pregadores, não é um incentivo da teologia pentecostal. Esses atos são irresponsabilidade de pessoas que, de fato, não honram a Deus nem as Escrituras.
Único digno de adoração e louvor é o nosso Deus! Soli Deo Gloria!
Referências bibliográficas:
ANGLADA, Paulo. Introdução à Pregação Reformada - Uma Investigação Histórica sobre o Modelo Bíblico-Reformado de Pregação. Ananindeua/PA: Knox Publicações, 2005.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
OLSON, Roger E. Teologia Arminiana - Mitos e Realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013.
SOARES, Esequias. Manual de Apologética Cristã - Defendendo os Fundamentos da Autêntica Fé Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência da Religião. Cursando Mestrado em Teologia Sistemática Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
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