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Os pentecostais e a perspectiva da esperança cristã

Os pentecostais leem as promessas do Espírito em Atos 2 não apenas como evento passado, mas como sinal escatológico.

fonte: Guiame, Ediudson Fontes

Atualizado: Terça-feira, 5 Agosto de 2025 as 2:46

(Foto: PxHere)
(Foto: PxHere)

Em tempos de incerteza, sofrimento e desesperança, a fé cristã oferece uma resposta singular: esperar contra toda esperança (Romanos 4:18). Para os pentecostais, essa esperança não é mero otimismo, mas uma expectativa viva e operante alimentada pelo poder do Espírito Santo. A espiritualidade pentecostal nasce e se sustenta na convicção de que o mesmo Deus que agiu no passado continua operando hoje e ainda há de consumar todas as coisas no futuro.

Uma esperança viva

O apóstolo Pedro nos lembra:

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos " (1  Pedro 1:3).  Essa viva esperança não é estática, fria ou distante. É uma esperança que se move, que inflama o coração e que transforma a maneira como enfrentamos a vida. Para os pentecostais, essa esperança se manifesta no culto, na oração, nas curas, nas profecias e nos dons. A comunidade se reúne na certeza de que Deus fala, age, intervém — e isso é esperança em ação.

O Espírito e o futuro

Os pentecostais leem as promessas do Espírito em Atos 2 não apenas como evento passado, mas como sinal escatológico:

"Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei do meu Espírito sobre toda carne " (Atos 2:17). O derramamento do Espírito é uma antecipação do Reino, um “já” que nos garante o “ainda não”. É por isso que os pentecostais creem que o céu começa aqui, que o crente pode viver hoje uma porção da glória futura, seja através da cura, da libertação, da alegria ou da presença manifesta de Deus.

A esperança pentecostal é, portanto, escatológica, mas também existencial. Não se limita ao porvir: atua no presente, com poder transformador. Ela sustenta o pobre, consola o doente, fortalece o oprimido, anima o pastor e levanta o cansado.

A esperança como resistência

Em muitos contextos, os pentecostais foram e ainda são um povo marginalizado. Vieram das periferias, dos sertões, das favelas. Sua fé nasceu no sofrimento e se ergueu com lágrimas. Mas essa mesma fé foi também sua resistência. Porque crer que o Espírito Santo habita em vasos frágeis (2Cor 4:7) é afirmar que a última palavra não é do mundo, mas de Deus.

É por isso que os cânticos pentecostais falam tanto sobre o céu, sobre vitória, sobre perseverança. Porque cada culto é um ato de resistência contra o desânimo. Cada oração é um grito de esperança contra a desesperança do mundo. Cada profecia, uma lembrança de que Deus ainda está no controle.

Conclusão

A esperança cristã é um dom. Mas, para os pentecostais, é também uma experiência vivida no poder do Espírito Santo. É uma esperança que ora, que canta, que chora, que espera — mas espera crendo que Deus já começou a restaurar todas as coisas. E se Ele começou, Ele é fiel para completar (Fp 1:6).

A espiritualidade pentecostal nos ensina que a esperança não decepciona (Rm 5:5), porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. E é nesse amor que continuamos caminhando, esperando e anunciando que Jesus voltará — e nos encontrará cheios de fé, fogo e esperança.

 

Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência da Religião. Cursando Mestrado em Teologia Sistemática Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: A Soberania de Deus na perspectiva dos pentecostais

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