O fenômeno religioso que mais chama a atenção dos pesquisadores de ciências humanas são os pentecostais, conhecidos como "o povo que dá glória a Deus." Esse grupo está presente em vários setores da sociedade, principalmente nas comunidades carentes. Na ausência do Poder Público, os pentecostais atuam nesses locais levando a mensagem de esperança para os que não têm esperança. Mas, afinal, qual é a mensagem de esperança? Baseada no quadrilátero assembleiano, que também é o fundamento da Teologia Pentecostal Global, está a famosa expressão dos pioneiros das Assembleias de Deus: “Jesus Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e breve voltará.” É uma mensagem cristocêntrica, comprometida com o Solus Christus (um dos axiomas da Reforma Protestante). Segundo Fontes (2019, p. 41), “a teologia pentecostal prega e defende que só existe uma verdade absoluta que salva, liberta e transforma o ser humano: Jesus Cristo.” Os pentecostais rejeitam o relativismo, que diminui a magnitude da verdade da fé cristã.
Os pentecostais, como legítimos evangélicos, creem que o Senhor Jesus é o Salvador do mundo (João 14:6). As Escrituras são bem claras ao dizerem que o sacrifício de Cristo na cruz é a maior expressão do amor de Deus para a humanidade (João 3:16). Creem também que a expiação de Cristo é para todos por "três razões: 1) todos pecaram (Romanos 3:23); 2) a realidade do pecado é universal; 3) Deus deseja que todos sejam salvos" (FONTES, 2020, p. 95).
Essa verdade bíblica, que os pentecostais carregam com muita seriedade, é muito presente nos locais marginalizados, onde as pessoas não são contempladas pelo poder público e pela classe alta da sociedade. Os pentecostais pregam e agregam essas pessoas porque são importantes para Deus, buscando uma mudança transformadora em suas vidas. O Evangelho de Cristo é capaz de transformar vidas, proporcionando aos salvos uma nova perspectiva, como está escrito em 2 Coríntios 5:17.
Essa nova realidade é o novo nascimento. Se antes vivia no crime ou vivia na dependência das drogas, agora com Cristo não precisa ter mais essa vida, pois passou a ser um seguidor de Jesus Cristo, e Ele é o suficiente em sua vida. Se antes era ausente na família, agora será um pai presente na criação dos filhos e um ótimo companheiro para sua esposa, pois em Cristo ele foi transformado e liberto, e mostrará com atitudes que é um "filho de Deus".
Se antes ele dependia do dinheiro sujo do crime, agora, sendo um seguidor do Senhor Jesus Cristo, arrumará um emprego e ganhará o seu dinheiro de maneira justa e honesta. A mulher que era "objeto de sexualidade" para essa localidade, agora em Cristo não precisará mais da vida imoral que vivia, pois em Jesus ela aprendeu ser "uma mulher digna de respeito." Sendo agora uma seguidora do Senhor Jesus Cristo, ela será ótima mãe e sempre amará o seu esposo, porque ela aprendeu nas Escrituras. São esses e entre outros exemplos que mostram os resultados do trabalho dos pentecostais presentes nas comunidades carentes.
Por essa razão, não há justificativa para associar os pentecostais à criminalidade ou a qualquer grupo que cause prejuízos à sociedade. Aliás, o termo "narcopentecostalismo" é utilizado para especificar o Complexo de Israel, que é formado pelas comunidades cariocas Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas. Os pesquisadores que abordam esse tema, em nenhum momento mostram os pentecostais envolvidos na criminalidade. No entanto, infelizmente, alguns setores da sociedade fazem essa associação desonesta e injusta com os pentecostais. Enquanto isso, os pentecostais seguem pregando o Evangelho, anunciando que Jesus Cristo continua a salvar vidas. O Dr. Robert Menzies afirma que os pentecostais levam "esperança para as pessoas que vivem em meio à desesperança e desespero" (MENZIES, 2016, p.105).
Referências bibliográficas:
FONTES, Ediudson. A Soteriologia na relação entre o Arminianismo e Pentecostalismo. São Paulo: Editora Reflexão, 2020.
_____, Ediudson. Reforma Protestante e Pentecostalismo – A conexão dos cinco solas e a Teologia Pentecostal.
MENZIES, Robert. Pentecoste – Essa história é a nossa história. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: A mulher de Provérbios 31:10-31
