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A Reforma Protestante e a Contribuição na Educação

Neste terceiro artigo da série Reforma Protestante, trataremos do tema educação.

fonte: Guiame, Ediudson Fontes

Atualizado: Quinta-feira, 19 Outubro de 2023 as 3:08

Pintura de Martinho Lutero. (Imagem: Domínio Público).
Pintura de Martinho Lutero. (Imagem: Domínio Público).

As grandes contribuições da Reforma Protestante são amplas e o seu legado é sentido em nossos dias. No presente artigo, trataremos desta contribuição na área da educação.

Luzuriaga destaca que “a Reforma [...] organiza a educação pública não apenas no grau médio, ampliando ação dos colégios humanistas da Renascença, mas também, e pela primeira vez, com a escola primária pública” (LORENZO, 1987, pp. 108-109).

Entre os reformadores, Filipe Melanchthon é o que mais que se destaca. Conhecido como colaborador e amigo pessoal de Lutero, Melanchthon é também conhecido como “reformador arminiano”, porque, segundo Hägglund, ele era “independente da teologia da Reforma” (HÄGGLUND, 2003, p.211). Pois o seu posicionamento teológico não compactuava com o monergismo rígido que Lutero defendia no início da Reforma.

Todavia, Felipe não estava tão distante dos posicionamentos do seu líder Lutero. As pequenas diferenças não trouxeram nenhum tipo de problema que afetasse a amizade entre eles. Melanchthon foi o autor da obra “Loci communes” e efetivamente escreveu a Confissão de Augsburgo. O amigo de Lutero, Felipe Melanchthon, é um dos nomes que merece ser mencionado na história da Reforma.

As propostas educacionais do reformador Melanchthon, segundo os pesquisadores, “estavam vinculadas a uma teologia que buscava libertar o homem de sua prisão religiosa” (ANDRADE, ANDRADE e TELEDO, 2018). E os pesquisadores complementam que o reformador estava “amparado na doutrina de que todos os fiéis eram também sacerdotes, e por isso deveriam receber educação suficiente para estudar a Bíblia.” (ANDRADE, ANDRADE e TELEDO, 2018). 

Influenciado por Lutero, Melanchthon seguiu fielmente a proposta de Lutero da alfabetização do povo alemão. Ficou conhecido como “Educador da Alemanha”. O reformador alemão tinha em mente que o verdadeiro cristão tem que ser um bom cidadão por meio da escolaridade. A visão do Felipe na educação, segundo RUPP, “são tributárias de uma concepção antropológica de feição religiosa, voltada para questão da origem, causa e finalidade do ser humano” (RUPP, 1996).

A sua formação teológica foi a base do Melanchthon para o trabalho educacional. Mas que também influenciou as disciplinas filosóficas. Zuluaga afirma que o mérito do reformador foi introduzir os estudos humanistas na educação secundaria, além de elaborar um plano de ensino (ratio studiorum) que serviu de modelo a um grande número de escolas alemãs (ZULUANGA, 1972).

Com os avanços dos princípios da Reforma na Alemanha, Felipe Melanchthon foi fundamental para fortalecer mais o ideal de Lutero, por meio da educação. Ele foi reitor da Universidade de Wittemberg e as medidas por ele adotadas, como afirmam ULRICH e KLUG, “no regulamento universitário proposto por Melanchthon percebe-se uma preocupação com o processo educativo individual de cada aluno. A tutoria é vista como um auxílio pedagógico no planejamento diário do aluno, garantindo que esse fosse moldado por rígidos valores morais de feição cristã” (ULRICH e KLUG, 2016, p.161).

Por tudo que foi estabelecido no sistema educacional por Melachthon, ele tinha como base a teologia da sua formação. Para quem afirma que a teologia não presta a nenhum serviço a sociedade, a contribuição do Felipe Melachthon é a prova que pode e deve contribuir para a sociedade.

Educação é uma área de suma importância. Por intermédio dela somos alfabetizados e alcançamos a formação necessária para estarmos inseridos no mercado de trabalho. Infelizmente, em nosso país, a educação não é valorizada como deveria ser. Sem ela, o país sofre com o analfabetismo do seu povo, conhecimento limitado e, automaticamente, problemas surgem e não são resolvidos.

A Reforma Protestante trouxe esse legado da educação. Por intermédio dela, temos capacidade de ler e escrever, além de uma profissão e saber conviver de forma melhor, porque o conhecimento traz essas capacidades.

Em um país cuja educação é fraca, seu povo possui um conhecimento fraco. Um país cuja educação é forte, a cultura também será forte, as pesquisas acadêmicas serão bem desenvolvidas e economia desse país será segura e forte.

Os evangélicos brasileiros devem honrar o legado da Reforma acerca da educação. Porque através dela podemos servir ao próximo melhor. Por mais que sistema educacional no Brasil não seja dos melhores, nada impede de procurarmos, de forma pessoal ou coletiva, ter uma educação de qualidade.               

Referências bibliográficas:

ANDRADE, ANDRADE e TOLEDO, Rodrigo Pinto de AndradeI Francielle Aparecida Garuti de Andrade e Cézar de Alencar Arnaut de Toledo. Reforma protestante e educação escolar: as contribuições de Felipe Melanchthon (1497-1560). DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-121X/comunicacoes.v25n2p225-240

HÄGGLUND, Bent. História da Teologia. Porto Alegre. Concórdia Editora. 2003.

LORENZO, Luzuriaga. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo. Companhia Editora Nacional. 1987.

RUPP, Horst. PHILIPP MELANCHTON (1497-1560). Revista trimestral de educación comparada, vol. XXVI, n. 3, septiembre 1996, p. 659-669. Disponível em: Acesso em: 3 de set. 2012.

ULRICH, Claudete Beise, KLUG, João. Felipe Melanchthon (1497-1560): pedagogo da Reforma protestante, patrimônio da educação. Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano VIII, n. 24, jan./abr. 2016.

ZULUAGA, Isabel Gutierrez. Historia de la educación. Madrid: Narcea. Ediciones, 1972.

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: A Reforma Protestante e a Contribuição Política

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