"O mineirinho, andando pela roça, encontrou a lâmpada mágica, esfregou-a, o gênio saiu da mesma e disse: Você é meu amo! Tem direito a três pedidos. Peça o que quiser e será feito. Sem pensar, o mineirinho fez o primeiro pedido. Eu quero um queijo! - Plim! - desejo atendido. Terminando de comer o queijo, fez o segundo pedido. Quero uma caminhonete - Plim! - desejo satisfeito. Não chegou nem a entrar na caminhonete e já fez o terceiro pedido, meio sem jeito. Quero mais um queijo! - Plim - desejo realizado. Sem entender, antes de voltar para o interior da lâmpada mágica, o gênio fez uma pergunta. Você tinha direito a fazer três pedidos e assim realizar três desejos, por que pediu dois queijos e uma caminhonete? Constrangido, o mineirinho respondeu. Porque eu fiquei com vergonha de pedir três queijos!".
Você acabou de ler uma das tantas versões tupiniquim da lenda sobre Aladim, o gênio da lâmpada e, por mais engraçada que seja, acho que seríamos tão ridículos quanto o mineirinho, caso achássemos a tal lâmpada. Imagine a cena, basta pedir e instantaneamente três desejos são satisfeitos. A maioria de nós ficaria com dúvidas sérias sobre o que pedir, desperdiçando, assim, uma oportunidade rara.
Se revirarmos as gavetas do nosso coração, nosso baú de memórias e planos, encontraremos um sem número de desejos esquecidos, frustrados, proibidos, legítimos, espirituais, carnais, secretos, elogiáveis, inomináveis, belos, podres, alegres, tristes. Alguns se realizaram, outros não. Na verdade, a maioria não se realizou e, mesmo assim, não paramos de desejar. Nos movemos por desejos. Realizá-los consome nossas energias, inspiração, transpiração, suor, trabalho.
Desejos fazem parte cultural de praticamente toda mulher grávida, não importa que seja madrugada, ela quer morangos, cerejas e tâmaras! Traga, senão... Desejos são o sonho de todo mega empresário, afinal, o público consumidor "tem" que desejar seu produto, senão... Desejos são o medo de todo adolescente que num repente de lucidez começa a sonhar com uma bela família e pensa: E se ninguém nunca me desejar? Ficarei eternamente solteiro... Sem perceber, de desejo em desejo, a vida passa e, com ela, a ilusão da lâmpada mágica. É duro assumir que gênios não existem, mas desejos sim.
300 anos antes de Cristo, o mundo antigo testemunhou as aventuras do seu mais celebre conquistador, Alexandre, rotulado pela história como "O grande". Aos 20 anos tornou-se rei da Macedônia. Nunca perdeu uma batalha. Suas conquistas formaram um império que ia dos Balcãs até a Índia. Fundou Alexandria, maior centro cultural, científico e econômico da antiguidade. Alexandre viu muitos dos seus desejos realizados mas, ao final da vida, quando a ilusão da lâmpada mágica já havia passado, declarou seus últimos três desejos:
1 - Que seu caixão fosse transportado pelos médicos da época;
2 - Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados como prata, ouro e pedras preciosas;
3 - Que suas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.
Estranho, para dizer o mínimo. O que teria acontecido com o grande conquistador. Não sabemos. Aliás, poucas certezas existem, se é que existem, sobre a vida de Alexandre. Tudo que se lê sobre ele é discutível, independente do ponto de vista. Mesmo assim, seja real ou metáfora, fato ou parábola, vida ou lenda, é possível aprender com os desejos dele. Sua biografia diz que ele morreu depois de 12 anos de contínua campanha militar, sem completar 33 anos. A causa da morte seria malária, envenenamento, febre tifóide ou alcoolismo, não se sabe. Apesar do sucesso nas conquistas, era extremamente instável, sanguinário e com uma vida sexual indefinida. Talvez este outro lado explique seus três supostos últimos desejos. Desejos que um de seus generais não resistiu e questionou a razão deles. Alexandre respondeu:
1 - Quero que os mais eminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles não têm poder de cura perante a morte;
2 - Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;
3 - Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.
A ilusão da lâmpada precisa ser esquecida. Quem somos nós para mandarmos num gênio poderoso? Faz tempo, alguns de nós, fomos resgatados das trevas para a luz. Diante desta luz não somos o "amo", antes cabe-nos ser o "servo". Esta luz é Jesus, em suas promessas não há limites para os bons desejos. E é justamente a luz dEle que nos dirige para uma vida madura, uma vida sábia, consciente de que "Até no caminho dos teus juízos, Senhor, te esperamos, no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma" Isaías 26.8.
Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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