Povinho sem cultura

Dialogar com a cultura, sim. Interagir com a cultura, sim. Reter o que é bom da cultura, sim. Porém, ser formado por ela, não. O claro conselho de Paulo, apóstolo, é atemporal e caro para cristãos de toda época e lugar: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”

fonte: guiame.com.br

Atualizado: Quinta-feira, 17 Abril de 2014 as 9:18

oraçãoO título deste texto pode significar muitas coisas. Usualmente, na maioria das vezes serve para diminuir e ofender aqueles para os quais é dirigido. Ser um “sem cultura” é fazer parte daqueles que pararam no tempo, não acompanham as tendências, vivem alheios a moda, ignoram totalmente as mídias digitais, discordam das minorias e, numa explicação mais genérica, não comem a ração da cartilha que só considera certo aquilo que é politicamente correto na visão de grande parte dos atuais formadores de opinião.

Cristãos com C maiúsculo historicamente são contra-cultura. Infelizmente, heresia após heresia, manipulação após manipulação, exploração após exploração, escândalo após escândalo e bizarrice após bizarrice, algumas lideranças alopradas conseguiram a proeza de colocar os cristãos atuais como sub-cultura perante o senso comum. E é lá, nos programas, hábitos, manias e estratégias que só fazem escancarar uma deplorável sub-cultura que surge com desdém a frase esculachante: Povinho sem cultura.

Não é o que somos. Pelo menos grande parte não é. Cristãos decisivos nos rumos da história e seu progresso encontram-se em todas as áreas: cientistas, médicos, engenheiros, professores, arquitetos, empresários, presidentes, reis, filósofos, escritores, pesquisadores, músicos, pintores, artistas, desbravadores. As mais renomadas e reconhecidas universidades do mundo têm sua base e origem em fundadores cristãos, assim como hospitais, laboratórios, corporações, instituições, empresas e muitos destes como centros de excelência em suas áreas.

A ênfase numa vida saudável, sem drogas, álcool, pornografia, corrupção, mentira, traição, deslealdade e todo tipo de maldade, tem sem dúvida contribuído com cidadãos melhores e abençoadores para nossa sociedade. Gente que estuda não só a Bíblia, como pensam por aí, mas fazem uma, duas, três faculdades. Se especializam, se atualizam, estudam, labutam e... por capricho ou má fé mesmo, acabam recebendo o imerecido rótulo: Povinho sem cultura.

Como protestantes somos abertos a qualquer debate, discussão de ideias, aprendizado frente a novas descobertas. Desde o nascimento somos encorajados a examinar constantemente a nossa fé. Uma fé racional e solidificada numa história que explica a nossa história. Para os que discordam, nossos respeitos, mas para crer numa variedade infindável de teses, conceitos e filosofias que tentam se opor, ao final de analisar cada uma a conclusão é sempre a mesma: é necessário muito mais fé para crer nas oposições ao cristianismo do que crer nas boas novas que têm seu centro em Cristo Jesus.

Um “povinho sem cultura”, como a militância raivosa gosta de rotular, não teria fundado nações, construído instituições de referência, se expandido com o resultado verificável de milhares de vidas transformadas e sobrevivido a eras, impérios e as mais variadas fases, unicamente pela fé no galileu que foi crucificado e ao terceiro dia ressurgiu. Não, esse “povinho” não é sem cultura. Se o fosse, os esforços da atual “cultura” não seriam tão intensos para tentar fazer calar esse povo. Afinal, um “povinho sem cultura” deveria ser insignificante para os poderes terrenos atuais. Mas não, esse “povinho” é uma voz que incomoda, atrapalha e não se conforma com os desmandos e abusos de uma cultura cada vez mais rala e baixa, por isso mesmo a tal cultura vigente tenta de todas as formas diminuir, desprezar, ridicularizar e desfigurar aqueles que ela trata como “povinho”.

E este é o ponto. Dialogar com a cultura, sim. Interagir com a cultura, sim. Reter o que é bom da cultura, sim. Porém, ser formado por ela, não. O claro conselho de Paulo, apóstolo, é atemporal e caro para cristãos de toda época e lugar: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Romanos 12.2

Não nos conformamos, não nos formamos e, portanto, muito menos nos deformamos com os valores que todo dia tentam nos empurrar, pois sabemos que transitamos em meio a uma cultura caída, mas que um dia será redimida por uma cultura superior, eterna e celestial. Até lá, o que prevalecerá para todo cristão será a vontade boa, agradável e perfeita de Deus.

Paz!


- Edmilson Mendes
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