2011 se aproxima do apagar das luzes. Todo faceiro, assanhado e cheio de vontades vem chegando 2012. Que tal aproveitarmos toda a empolgação que marca os inícios de cada novo ano para lançarmos uma campanha a favor da fome? Isso mesmo, você entendeu corretamente, a favor da fome. Quanto ao combate a fome, as campanhas que existem devem continuar, devem ser melhoradas, ampliadas e aperfeiçoadas por ONGs, governos, igrejas, escolas, instituições, tudo bem. Mas minha sugestão é outra, é a favor da fome.
Pense em quanto se come. Não precisa ir longe, é só pensar nos últimos dias, rabanadas, panettones, churrascos, ceias, perus, pudins, tortas, pães, queijos, castanhas, sorvetes, bebidas, trufas, doces, petiscos, cordeiros, farofas e vem mais por aí, se aproxima o réveillon, a simbólica passagem de ano. E dá-lhe comida.
Aplique o exagero das comidas as outras coisas que nos cercam, roupas, sapatos, acessórios, entretenimentos, saídas, festas, redes sociais, cabeleireiros, academias, carros, jóias, relógios, novidades, viagens. É tudo muito exagerado. Quem pode mais consome mais, quem pode menos, consome menos. O efeito, no entanto, é o mesmo independente das possibilidades de cada um: azia, muita azia.
A barriga está cheia, empanturrada. Mas também cheios e empanturrados estão os olhos, os ouvidos, os tatos, os contatos, os corações, a alma. O resultado devastador é de uma azia na psiquê, onde se sente cheio de não se sabe o quê, misturando prazer com desconforto, euforia com decepção, tudo num ciclo aparentemente sem fim de quanto-mais-tem-mais-quer-ter. Onde se chega num ciclo assim? Exatamente onde muitos estão: no vale da indiferença.
É esta indiferença que contamina boa parte da igreja evangélica brasileira. Com suas muitas atrações gospel, com suas esquisitices sem fim, com seus escândalos surrupiando a grana e a boa fé de indefesas ovelhas, com suas disputas por poder efêmero, com suas invejas e ciumeiras ministeriais, enfim, com um volume enorme de comidas e manjares estranhos o povo evangélico vai ficando cansado e indiferente, vivendo uma fé mecânica, calculada, racionada e fria.
Por causa deste quadro sou a favor da fome. Fome de Deus. Fome de Cristo. Fome do Espírito. Enquanto o marido tentar resolver suas fraquezas sozinho, a esposa tentar resolver suas fantasias sozinha, os filhos tentarem resolver suas luxúrias sozinhos, os pastores tentarem resolver suas tentações sozinhos, uma indiferença destruidora continuará os engolindo em cargos, fachadas e desempenhos de quem parece estar de barriga cheia, mas segue com o coração vazio.
Preciso de voluntários. Procuro gente que esteja com fome. Oro para que Deus faça mais e mais pessoas sentirem fome. Oro para que Deus faça acontecer o que for preciso, a fim de retirar cada um do seu vale de indiferença. Famintos buscam por pão e água. Famintos clamam pelo pão da vida e pela água que sacia toda a sede. Prossigamos e continuemos a buscar o Senhor. Ele pode provocar a fome necessária à alma. E é só Ele que pode dar o alimento para satisfazer esta mesma fome.
Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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