Que droga de vida. Que vida de droga. Boletos, contas, dívidas impagáveis. Banco, cartório, agiota, prazos, mais cobranças. Internet lenta, computador velho, TV paga com um lixo de programação. Filhos, esposa, marido e sogros reclamando de tudo. Parentes folgados, vizinhos abusados, funcionários traíras, chefe ditador. Tudo ruim, podendo piorar. Vícios, fumo, álcool, drogas, jogos. Remédios, postinho, pronto socorro, hospital, UTI. Câncer, AIDS, estado terminal.
Você não queria, mas se envolveu com pessoas que não devia. Arrependeu-se, ok, mas a conseqüência ficou. Uma gravidez indesejada. Um filho pouco ou nada amado. Um aborto que se transformou no maior e mais presente drama de consciência. A traição que acabou com seu patrimônio. Os processos, as taxas, os recursos e as incertezas com custos altíssimos pelos advogados. Tudo isso sem falar nos desprezíveis banquetes regados a gargalhadas das pessoas que se alimentam com as calúnias e fofocas que humilham você.
Sem planejar, o esquisito passou a ser normal em sua vida. Sonhou com um ninho de alegria, terminou por morar numa casa de mudos insensíveis e estranhos. Cada um no seu quarto, com sua TV, seu livro, sua revista, seu mundo. Nada de bom dia, boa tarde ou boa noite. Tudo sempre péssimo. Péssimo dia, péssima tarde e péssima noite. Solidão, silêncio, frio, isolamento, rejeição. Camas separadas, corpos separadas, sexo separado, egoísmo, orgulho e podridão exalando na carne. Gente sã ficando doente. Doente de alma. Gente deprimida, derrotada, envergonhada, moída, esmagada, desfigurada. Zumbis com CEP, mas sem rumo, apenas o desespero do vazio. Sem visão, sem solução, sem esperança.
A lama de cada um se apresenta em cenários diversos. Nos horrores de uma prisão, nos descasos de um hospital, nas afrontas de um porão, nas pornografias de um computador, nas prostituições de lugares proibidos, nos copos de um bar, nas camas de um motel, nos gabinetes da corrupção, enfim, em todo e qualquer espaço onde a moral e o temor a Deus se renderam aos batuques sedutores deste mundo cruel.
Vidas que vivem na lama podem sair de lá? Podem ser mudadas? Sim, podem. Já estive lá. Vou te lembrar uma história. Não é a minha história, mas é a história que mudou a minha. Ela também pode mudar a sua.
Todo ano, dia 25 de dezembro, o mundo relembra esta história. Você deve se lembrar. Maria e José procuravam ansiosamente por um quarto para que ela pudesse dar a luz. As mães sabem, Maria devia estar exausta, impaciente, sem posição confortável para ficar, talvez irritada, com dores, querendo um banho. Tudo que o casal ouvia, no entanto, era: Aqui está lotado, não tem vaga para vocês. Até que uma estalagem ofereceu o curral, autorizando José e Maria a passarem a noite com os animais.
Pense nos projetos e sonhos de qualquer casal. Ter filhos num estábulo não é o ideal de nenhuma mãe ou pai. Sujeira e cheiro de animais foi o melhor que conseguiram, nada de rendas, lençóis cheirosos, almofadas e perfumes, apenas a dura rigidez de um curral. Maria e José se curvaram e aceitaram a situação. Alguns momentos depois, no lugar mais improvável e indigno, nasceu o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Jesus continua nascendo nos lugares mais improváveis. Esta é a história que me tirou da lama. Quando todos dizem que não têm mais jeito, Jesus dá jeito. Quando todos dizem que tudo está perdido, Jesus dá a solução. Jesus continua nascendo nos currais mais inóspitos, nos nossos duros e frios corações. Exatamente ali no coração, onde guerreiam nossas paixões, onde arquitetamos pecados impensáveis, onde a cobiça cresce e fede, Jesus surge, nasce e retira a todos das mais impensáveis lamas. Seja qual for o estábulo no qual se transformou o seu coração, lembre-se, o Rei do universo nasceu num lugar exatamente assim, sem honras, conforto e atenção. Portanto Ele pode nascer aí, independente da confusão, dor ou fraqueza do seu coração. Nunca se esqueça: Jesus está mais próximo do que imaginamos.
Paz!
Pr. Edmilson Mendes
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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