
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser coisa de filme de ficção. Hoje, ela já faz parte do nosso dia a dia e está nos aplicativos do celular, nos sites que acessamos e até nas redes sociais. A IA é uma tecnologia que aprende a partir de muitos dados e consegue fazer tarefas que antes só um ser humano poderia fazer, como escrever um texto, responder perguntas ou até criar imagens.
Para nós, cristãos que comunicamos a nossa fé, isso representa uma oportunidade e também um desafio. Buscamos conhecer e utilizar estas ferramentas com sabedoria e por outro lado, precisamos nos cuidar para não disseminar informações, vídeos e conteúdos falsos para outras pessoas e que podem ter sido criadas por IA. A IA deve ser um meio para um fim, e esse fim deve ser sempre a glória de Deus
E como usar essa ferramenta moderna sem perder o que temos de mais precioso: a verdade do Evangelho? A IA pode ser muito útil e ajudar as igrejas para tornar nossa comunicação mais eficiente e alcançar mais pessoas. Para você entender melhor, separei algumas formas de usar bem essa tecnologia:
- Resumir pregações: com a ajuda da IA, é possível transformar a mensagem do culto em pequenos trechos que podem virar posts para redes sociais, vídeos curtos, mensagens devocionais e até mesmo transcrever para transformar estes conteúdos em ebooks ou livros.
- Traduzir e legendar vídeos: isso facilita o acesso para pessoas de outras línguas ou com deficiência auditiva. O YouTube já legenda vídeos automaticamente para nossa língua há bastante tempo. Hoje é possível encontrar vídeos dublados na plataforma pelo uso de IA e você vai assistir ao vídeo em sua língua.
- Atender bem nas redes sociais ou no site: por meio de chatbots (como o ManyChat) podem responder perguntas simples, como horários dos cultos, endereço da igreja ou como pedir oração.
- Criar ideias de conteúdo: a IA pode ajudar quem cuida da comunicação a organizar temas, títulos e até imagens para divulgar eventos da igreja. Além de ferramentas como Trello ou Notion, é possível usar o ChatGPT, Manus, Gemini, Perplexity, entre outras, para planejar, produzir e revisar conteúdos.
- Analisar o que tem dado certo: ferramentas com IA conseguem mostrar quais postagens tiveram mais engajamento e o que pode ser melhorado.
A IA pode ajudar a igreja a se comunicar melhor, de forma mais rápida e acessível, sem perder tempo com tarefas repetitivas. Por outro lado, nem tudo o que a IA faz é bom. Apesar das vantagens, também existem riscos que não podemos ignorar:
- A IA pode ser usada para espalhar notícias falsas ou enganar as pessoas com imagens e vídeos manipulados.
- Ela pode repetir ideias erradas ou preconceituosas, porque aprende com informações da internet — e nem tudo o que está lá é confiável.
- Existe o perigo de perdermos a autenticidade, usando demais uma tecnologia que não tem sentimentos, fé ou discernimento espiritual.
Além de tudo isso, as respostas das IAs podem estar erradas. Lembra que no início falamos que elas aprendem a partir do uso e da troca de informações da plataforma com os usuários? Algumas delas buscam informações na Internet. E se está na Internet não quer dizer que está certo. Por isso, é importante usar a IA com sabedoria e responsabilidade.
A IA pode ser uma bênção quando usada com discernimento. Ela pode ajudar a espalhar o Evangelho, tornar a comunicação mais fácil e alcançar lugares onde talvez nunca chegaríamos. Mas precisamos lembrar: a verdade do Evangelho deve sempre vir em primeiro lugar. Pelo ponto de vista ético podemos considerar:
- Seja transparente: se algum conteúdo foi feito com ajuda da IA, avise. Isso mostra honestidade.
- Sempre revise o conteúdo: a IA pode errar e às vezes até usar trechos de versículos de forma equivocada.
- Não dependa só das IAs: elas são ferramentas, não substituem o toque humano, a empatia, a oração e a unção do Espírito Santo.
- Treine a equipe: se sua igreja for usar IAs, ensine os voluntários a usar com consciência. Tudo deve glorificar a Deus.
- Busque discernimento espiritual: ore antes de usar qualquer ferramenta e lembre-se: o principal não é a tecnologia, é a mensagem.
Que a tecnologia seja uma ferramenta que nos serve e não que nos domina. E que a mensagem de Jesus continue sendo anunciada com verdade, amor e sabedoria, mesmo em tempos de algoritmos.
Elis Amâncio é jornalista cristã, especialista em comunicação digital e mídias sociais, em marketing digital (PUC Minas), mestranda em Estudos de Linguagens (CEFET-MG). É autora dos livros Mídias Sociais na Igreja, Comunicando o Reino e Redes Sociales para la Iglesia, e coautora em outros livros. Se converteu há 22 anos, casada com Renato Lied, pais da Sarah.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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