Lendo a versão online da Folha de hoje, nesta manhã chuvosa de vinte e nove de maio, soube que o belo parque Burle Marx é o parque mais linha-dura de São Paulo, por causa das suas muitas e duras regras. De todas, tem uma que, por questões óbvias, deve tirar muita gente do sério, a regra de não poder tirar fotos. É por conta desta e de outras normas, que muitos chamam o parque de "parque do não pode". Dizem que um parque com tantos "não pode" é um parque sem graça.
Muita gente pensa que quanto mais "não pode", menos graça tem a vida. Até mesmo nas igrejas se nota essa crença. Há quem acredite que a vida na graça é uma vida sem não pode. Olha para as duas alianças, a antiga e a nova, como opostas entre si. A antiga aliança seria a aliança do "nada pode" e a nova aliança seria a aliança do "tudo pode". Faz tanto tempo que esse ponto de vista vem sendo dito, aqui e ali, que muitos creem que seja de fato assim mesmo. Mas não é não, viu?
A relação entre lei e graça nas duas alianças é vital e densa, mas é, certamente, ainda mais vital e mais densa na nova aliança, com Jesus. Jesus, obviamente, não veio para anular os "não pode" do seu Pai, mas, sim, para limpá-los. Limpá-los? Sim, limpá-los de tudo que os mestres do seu tempo e de outros tempos diziam acerca deles. Jesus anulou, ora pelo seu ensino, ora pela sua atitude, todos esses ditos. Se você acha que não, leia de novo o sermão do Monte.
Jesus sabia e sabe que os "não pode" do seu Pai não foram dados para afastar os seus filhos dele, mas para mantê-los por perto. A relação do Pai com os seu filhos é uma relação de amor. E sabemos que toda relação de amor que se preze tem "não pode". Ao ler o mais belo texto sobre o amor da Bíblia , é surpreendente quantos "não pode" existem nele. Se no amor não houver "não pode", ele fará mal aos amantes e amados. Amor exige disciplina. O amor para valer à pena tem que ter "não pode".
