
O eclipse lunar total ou lua de sangue, ocorrido no último 14 de março, caiu exatamente na Festa de Purim (14 de Adar), originada na história do livro de Ester, há cerca de 2.500 anos a.C. A próxima Festa de Purim cairá em 3 de março de 2026 e o fenômeno da lua de sangue se repetirá nesse mesmo dia.
Em um ano, haverá ainda uma lua de sangue exatamente no meio desse período, em 7 de setembro de 2025, coincidente com 14 de Elul, a duas semanas do início do ano novo civil ou Rosh HaShanah. O mês de Elul é o mês da Teshuvah, o período de orações e confissões que prepara o povo de Israel para as Festas do Outono, Festas estas que apontam para a vinda do Messias. Portanto, estamos diante de uma tríade de luas de sangue com início e fim em Purim, intercalada exatamente no meio do período por Rosh HaShanah. Essa é uma ocorrência muito rara. Seria uma coincidência cósmica?
O sol e a lua são luminares que Deus pôs no firmamento para demarcar suas Festas e seus tempos designados (moadim), segundo Gênesis 1:14, exatamente como ocorre nessa tríade de luas de sangue. A palavra moadim não se refere a estações climáticas e, sim, às Festas do Senhor. As nações estabelecem seus calendários com base no sol e na lua para regerem os tempos e as estações. Porém, o hebraico nos indica que sua função primordial é demarcar as moadim que Deus estabeleceu por sua soberana vontade. Os sábios ensinaram, há milênios, que o eclipse lunar diz respeito a Israel (calendário baseado na lua) e o eclipse solar diz respeito às nações (calendário baseado no sol).
Os sinais no céu, especialmente na forma de eclipses, estão por todas as Escrituras e são uma forma de Deus se comunicar com os homens. Eclipses ocorridos nas datas das festas bíblicas (moadim) têm um enorme peso em sua mensagem. Historicamente (e isso pode ser facilmente atestado), trazem más notícias para Israel, quando se trata de luas de sangue, e más notícias para as nações, no caso de eclipses solares.
O exemplo mais recente vem da última lua de sangue, em 15 de maio de 2022, ocorrida em Pesach Sheni (a segunda Páscoa — Nm. 9:6-13) e próximo a Pentecostes. Foi um anúncio para Israel da guerra que enfrentaria no ano seguinte, iniciada no 7 de outubro com os ataques hediondos do Hamas, e na qual ainda se encontra.
Mistérios de Purim
O livro de Ester, um dos mais misteriosos da Bíblia, inicia a história de Purim com uma notícia trágica para Israel, mas termina com um grande livramento para todo o povo judeu espalhado pelas províncias persas. Seu arqui-inimigo, Hamã, é descendente de Amaleque, figura que reaparece em todas as gerações para destruir o povo judeu, uma vez que Amaleque é um espírito contra o qual o Senhor promete guerrear até riscar seu nome em definitivo de debaixo do céu (Êx. 17:14,16).
Esse é o roteiro da história de Purim que se repete ao longo das eras e, na atualidade, não parece diferente. A tragédia do 7 de outubro foi o episódio mais recente do ataque de Amaleque contra os judeus. Porém, tem redundado em grave prejuízo para os inimigos de Israel. À medida que o conflito se expandiu, vimos o padrão do livro de Ester se repetir. Todos os esforços de Hamã para destruir Israel fracassaram. No fim, Hamã é envergonhado e derrotado, enquanto Israel recebe livramento e honra.
Não parece por acaso que essa tríade de luas de sangue comece e termine justamente em Purim, em um tempo em que Israel trava uma das maiores de suas guerras, na qual já perdeu milhares de vidas. Ela se iniciou com uma tragédia, apenas comparável em termos de violência ao Holocausto, na Segunda Guerra. Entretanto, gradativamente, Israel foi conquistando vitórias, embora com um custo altíssimo de vidas, sem mencionar o drama e trauma das centenas de reféns, ainda em andamento, que atinge toda a nação.
O que torna esse conflito ainda mais significativo é saber que o Irã é a antiga Pérsia, exatamente o lugar em que se desenrola a história de Purim. O Irã está obstinado em obter definitivamente sua arma nuclear para ser empregada contra Israel a fim de “varrê-lo do mapa”, como seus líderes declaram abertamente. Parece que Israel continuará enfrentando tempos difíceis à frente, mas, no fim, será livre, como foi na história de Purim e como tem sido ao longo de sua história. Essa tríade de luas de sangue parece estar clamando dos céus. Resta saber se estamos prestando atenção.
A lua de sangue e o Messias
A lua de sangue fala diretamente a Israel. Aliás, a lua também é um símbolo de Israel (Ap. 12:1). Mas também fala às nações, pois está intimamente ligada ao Messias e aos sinais de sua vinda. Há diversas profecias falando do escurecimento do sol e da lua, tanto no Velho como no Novo Testamento, que precedem a vinda do Messias. Além desses luminares terem sido postos no firmamento para nos servirem de marco para as festas bíblicas, sua ocorrência se intensificará até a volta do Messias.
Yeshua, falando dos eventos que ocorrerão imediatamente antes de sua volta, adverte que “haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas” (Lc. 21:25). Em Apocalipse, na abertura do sexto selo, antecedendo os juízos de Deus sobre os homens, “a lua tornou-se como sangue” (Ap. 6:12), um eco da profecia de Joel, 800 anos a.C., de que a lua se converteria em sangue antes do grande e terrível dia do Senhor (tempo de juízo) (Jl.2:31).
Acontecimentos astronômicos tão significativos como essa tríade de luas de sangue não podem ser ignorados. Além de uma mensagem de alerta aos habitantes da Terra, é um sinal claro da proximidade da chegada do Messias. Bendito seja o seu Reino eternamente!
Para saber mais, acesse: https://www.aoliveiranatural.com.br/2025/03/11/purim-e-as-luas-de-sangue/
Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor de A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.
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