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Bolsonaro, tornozeleira e culto evangélico: Até onde vai a violência simbólica a uma família?

Como psicóloga, é impossível não reconhecer os sinais de esgotamento e sofrimento emocional.

fonte: Guiame, Marisa Lobo

Atualizado: Sexta-feira, 25 Julho de 2025 as 10:35

O ex-presidente Jair Bolsonaro se emociona em culto evangélico. (Captura de tela/YouTube/AFP)
O ex-presidente Jair Bolsonaro se emociona em culto evangélico. (Captura de tela/YouTube/AFP)

A cena foi forte. Nesta quinta-feira, 24 de julho, o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve presente, ao lado da esposa Michelle, em um culto evangélico onde ela ministrou a Palavra de Deus. Durante a mensagem da esposa, Bolsonaro chorou. Um choro silencioso, mas revelador. Ali, diante de irmãos na fé, ele desabafava não com palavras, mas com lágrimas. Não era apenas emoção. Era um grito calado de alguém que, além da perseguição política, vem enfrentando uma profunda violência psicológica e simbólica — um processo que pode colocar em risco sua saúde mental.

A imagem do ex-chefe de Estado, agora usando tornozeleira eletrônica, abalou grande parte da população. Mais que um adereço jurídico, ela carrega o peso de uma humilhação pública. Para milhões de brasileiros, é a representação de uma injustiça. Para Bolsonaro, é o símbolo de um Estado que, aparentemente, deixou de respeitar os limites institucionais para impor punições com um viés que se afasta da imparcialidade.

Além disso, a chamada "lei da mordaça", aplicada ao impedir que Bolsonaro se manifeste em suas próprias redes sociais, é uma clara afronta ao direito de expressão, princípio garantido pela Constituição. A proibição de se comunicar livremente, especialmente para uma figura pública que sempre fez da transparência e da interlocução com o povo um dos seus pilares, é mais do que um ataque político — é uma tentativa de silenciamento que fere a alma e isola emocionalmente.

Abalo emocional e risco psicológico

Como psicóloga, é impossível não reconhecer os sinais de esgotamento e sofrimento emocional. A privação de liberdade simbólica, o cerceamento de sua voz, são formas de violência psicológica institucionalizada.

Esse tipo de perseguição contínua gera um estado de hipervigilância emocional, exaustão psíquica e sensação de impotência. É o que chamamos na psicologia de violência simbólica — uma opressão invisível, porém devastadora. Quando o sujeito sente-se desamparado pelas instituições, violado em sua dignidade e separado da convivência pública normal, abre-se caminho para transtornos de ansiedade, depressão e até pensamentos de desesperança extrema.

É preciso destacar o quanto essa situação afeta não apenas Jair Bolsonaro, mas toda a sua família. Esposas, filhos, noras e netos convivem diariamente com incertezas jurídicas, medo, ataques na mídia e isolamento social. A perseguição política, nesse nível, transforma-se em perseguição pessoal.

A resposta espiritual diante da injustiça

O culto desta quinta-feira trouxe um contraponto poderoso. Em meio à opressão, Bolsonaro encontrou consolo na fé cristã. As palavras da ex-primeira-dama Michelle foram firmes, bíblicas e inspiradoras. Ela falou de restauração, da soberania de Deus, e reafirmou a confiança do casal na justiça divina. Não foi um discurso político, mas uma proclamação de fé.

É exatamente nesses momentos que vemos o poder da fé em ação. O choro de Bolsonaro não foi um sinal de fraqueza, mas de entrega. Ele sabe, como tantos outros cristãos perseguidos ao longo da história, que há um Deus que vê tudo e que a justiça divina não falha.

Conclusão

Independentemente da posição política de cada um, é inegável que o ex-presidente está sendo submetido a um tratamento que extrapola os limites legais e morais. É hora de denunciar essa violência simbólica, emocional e institucional. E também de orar — por ele, por sua família e por um Brasil onde o Estado de Direito seja respeitado. Onde o direito à livre expressão, ao contraditório e à dignidade humana sejam inegociáveis.

A tornozeleira pode limitar seus passos, mas não aprisiona sua alma. E como cristãos, cremos que nenhuma arma forjada contra os servos de Deus prosperará.

> “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus.”

(Mateus 5:10)

 

Marisa Lobo (CRP 08/07512) é psicóloga, missionária, ativista pelos direitos da infância e da família e autora de livros sobre saúde mental, educação de filhos e autoestima infantil, entre eles "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo". Especialista em Direitos Humanos, preside o movimento Pró-Mulher.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Nota de repúdio aos ataques contra a família Justus e à infância brasileira

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