
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, anunciou na segunda-feira que seu país pretende reconhecer um Estado palestino na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), em Nova York, em setembro.
“A Austrália reconhecerá o direito do povo palestino a um Estado próprio, com base nos compromissos que a Austrália recebeu da Autoridade Palestina. Trabalharemos com a comunidade internacional para tornar esse direito uma realidade”, declarou Albanese após uma reunião de gabinete.
Ele argumentou ainda que tal medida era “parte de um esforço global coordenado para criar impulso em prol de uma solução de dois Estados”.
O chefe de governo australiano omitiu o fato de que nem o Hamas nem a Autoridade Palestina reconheceram formalmente as reivindicações históricas e legais de Israel à sua condição de Estado, segundo o All Israel News.
No mês passado, França, Reino Unido e Canadá anunciaram suas intenções de reconhecer um Estado palestino também em setembro.
Como outros líderes ocidentais, Albanese declarou que o Hamas não teria legitimidade para governar a “Palestina”. No entanto, não detalhou como a Austrália e seus aliados pretendem concretizar essa visão, considerando que o grupo ainda mantém ampla popularidade entre os palestinos em Gaza e na Cisjordânia (Judeia e Samaria).
O primeiro-ministro também acusou Israel de "continuar desafiando" o direito internacional, descrevendo a situação em Gaza como "além dos piores pesadelos do mundo".
“Uma solução de dois Estados é a melhor esperança da humanidade para quebrar o ciclo de violência no Oriente Médio e pôr fim ao conflito, ao sofrimento e à fome em Gaza”, argumentou Albanese.
A organização terrorista Hamas iniciou a guerra em 7 de outubro de 2023, quando lançou um ataque surpresa contra comunidades na fronteira sul de Israel.
Desde o início da guerra, o grupo terrorista tem sido acusado de reter alimentos de reféns israelenses, recusar-se a se desarmar e obstruir os esforços de ajuda humanitária israelense e americana em Gaza.
Críticas israelenses
Em pronunciamento à imprensa internacional no domingo, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu criticou os países ocidentais que optaram por reconhecer, de forma unilateral, um Estado palestino ao lado de Israel.
“Ter países europeus e a Austrália caminhando para essa toca de coelho… essa mentira é decepcionante e eu acho que é realmente vergonhosa”, disse Netanyahu.
O embaixador israelense na Austrália, Amir Maimon, criticou a decisão.
“A paz se constrói acabando com o terror, não recompensando-o”, argumentou. “Ao reconhecer um Estado palestino enquanto o Hamas continua a matar, sequestrar e rejeitar a paz, a Austrália mina a segurança de Israel, inviabiliza as negociações de reféns e concede a vitória àqueles que se opõem à coexistência.”
O presidente israelense Isaac Herzog também criticou a decisão da Austrália de reconhecer unilateralmente um estado palestino.
“Essas declarações da Austrália e de outros países são uma recompensa pelo terror, um prêmio para os inimigos da liberdade e da democracia. Este é um erro grave e perigoso, que não ajudará um único palestino e, infelizmente, não trará de volta um único refém”, disse Herzog.
Embora historicamente vista como uma sociedade multiétnica pacífica, a Austrália tem registrado um crescimento significativo nos episódios de antissemitismo e hostilidade contra Israel.
Segundo levantamento do Conselho Executivo do Judaísmo Australiano (ECAJ), os casos de antissemitismo aumentaram 400% após o massacre promovido pelo Hamas em 7 de outubro.
“Na verdade, os números brutos subestimam a gravidade do aumento do antissemitismo que ocorreu. Houve muitas novas formas e expressões de racismo antijudaico que antes seriam consideradas estranhas à Austrália, mas que se tornaram comuns”, alertou Julie Nathan, Diretora de Pesquisa do ECAJ.