Israel bombardeia Damasco em resposta aos ataques sírios contra a comunidade drusa

O bombardeio israelense atingiu as instalações do Ministério da Defesa do regime sírio em Damasco.

fonte: Guiame, com informações do JNS e Jerusalem Post

Atualizado: Quarta-feira, 16 Julho de 2025 as 11:43

O bombardeio israelense atingiu as instalações do Ministério da Defesa do regime sírio em Damasco. (Captura de tela/Al Jazeera)
O bombardeio israelense atingiu as instalações do Ministério da Defesa do regime sírio em Damasco. (Captura de tela/Al Jazeera)

Em resposta à violência contra a comunidade drusa na província de Sweida, na região de Jabal al-Druze (Montanha Drusa), no sul da Síria, as Forças de Defesa de Israel (FDI) lançaram, nesta quarta-feira (16), um ataque aéreo contra o quartel-general do exército em Damasco.

“As FDI continuam monitorando os acontecimentos e as ações do regime contra civis drusos no sul da Síria”, disseram os militares. “De acordo com as diretrizes da cúpula política, as FDI estão atacando a área e permanecem preparadas para diversos cenários.”

“Aeronaves da Força Aérea atacaram nas últimas 24 horas – e continuam a atacar – tanques, lançadores de foguetes, equipamentos de combate e caminhonetes armadas com metralhadoras pesadas que se dirigiam à área de Sweida, no sul da Síria”, anunciou a IDF em um comunicado.

“Além disso, vias de acesso foram atacadas para estabelecer bloqueios na área”, segundo os militares.

Laços históricos

Em outubro passado, Israel reagiu ao ataque mais letal do Hezbollah contra crianças drusas na fronteira entre Israel e Líbano.

O chefe do Estado-Maior das IDF, Herzi Halevi, fala com membros da comunidade drusa após um ataque nas Colinas de Golã. (Foto: Forças de Defesa de Israel)

Israel, que tem laços históricos com os drusos, um grupo étnico e religioso, prometeu proteger a comunidade e advertiu o regime sírio que aumentará os ataques se a repressão continuar.

O ministro israelense para Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo, Amichai Chikli, vem documentando atrocidades e atos de humilhação cometidos pelas forças do regime sírio contra a comunidade drusa local em sua conta no X.

Em uma declaração contundente na quarta-feira, Chikli comparou a violência contra a minoria drusa aos horrores do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

O atual presidente da Síria é Ahmed al-Sharaa, conhecido como Abu Mohammed al-Jolani, é um ex-terrorista da Al-Qaeda. Ele foi nomeado oficialmente em janeiro de 2025 após a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024.

Não atravessar a fronteira

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apelou aos cidadãos drusos de Israel para que evitassem cruzar a fronteira, em meio aos intensos confrontos na região síria de Sweida.

"Vocês estão colocando suas vidas em risco; vocês podem ser mortos, podem ser sequestrados e estão prejudicando os esforços das IDF", disse Netanyahu.

"As Forças de Defesa de Israel (IDF), a Força Aérea e outras forças estão operando. Estamos agindo para salvar nossos irmãos drusos e eliminar as milícias do regime. Portanto, peço a vocês — voltem para suas casas. Deixem as IDF fazerem o seu trabalho", acrescentou.

Tropas sírias

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, exigiu a retirada das tropas sírias de Sweida e reforçou a política de desmilitarização do sul da Síria.

“O regime sírio deve deixar os drusos em Sweida em paz e retirar suas forças”, afirmou Katz. Ele enfatizou que Israel não abandonará a comunidade drusa e aplicará sua política de desarmamento na região.

Katz advertiu que, caso o regime sírio ignore os alertas israelenses, o país ampliará suas ações militares como forma de retaliação.

"As FDI continuarão a atacar até que as forças do regime se retirem – e em breve elevarão o nível de suas respostas se a mensagem não for compreendida", disse ele.

Confrontos no sul da Síria

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR) atualizou o número de mortos nos confrontos no sul da Síria para 248, resultado de embates entre drusos e tribos beduínas. Entre as vítimas, 92 eram drusos – sendo 21 executados por forças do regime.

Associado há anos à oposição síria, o SOHR também denunciou a ampla destruição de infraestrutura civil – incluindo igrejas e casas – na província de Sweida, classificando os ataques respaldados pelo regime de Al-como uma ofensiva contra a "dignidade e propriedade" dos moradores drusos.

Em resposta às preocupações sobre uma possível migração em massa de drusos israelenses rumo à Síria, as IDF intensificaram sua vigilância na fronteira, mobilizando três novas companhias para reforçar a segurança na região.

Forças policiais e militares

Segundo informações da Rádio do Exército, os reforços enviados à fronteira incluem duas novas unidades: uma da Polícia de Fronteira e outra oriunda da base de treinamento da Brigada Golani.

Elas se somam à companhia da Polícia de Fronteira já mobilizada na região na última terça-feira. Além disso, forças da polícia militar seguem operando ao longo da linha fronteiriça.

Em entrevista ao Ynet na quarta-feira, o líder espiritual dos drusos em Israel, Sheikh Mowafaq Tarif, revelou ter se reunido na véspera com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e com o ministro da Defesa, Israel Katz.

Segundo ele, o diálogo entre as partes está em curso, e há expectativa de intensificação das ações militares por parte de Israel.

Infiltrações em Israel

Em resposta ao que classificam como um "massacre" em curso na Síria, líderes da comunidade drusa anunciaram, na quarta-feira, o início de uma greve geral e a realização de múltiplos "dias de fúria" como forma de protesto.

"Silêncio e passividade não são possíveis", disseram líderes drusos, conclamando os membros da comunidade local a se prepararem para cruzar a fronteira para a Síria e oferecer assistência.

Pouco depois, dezenas de drusos cruzaram a cerca da fronteira, mas foram devolvidos ao território israelense por soldados das IDF.

As incursões pela fronteira norte persistiram na quinta-feira, quando as IDF confirmaram que diversos civis israelenses atravessaram para o território sírio a partir de Majdal Shams, cidade drusa situada nas Colinas de Golã.

“As tropas da IDF estão operando atualmente para devolver com segurança os civis que cruzaram a fronteira”, anunciaram os militares na tarde de quinta-feira.

Simultaneamente, dezenas de suspeitos tentaram cruzar a fronteira de Hader, no sul da Síria, rumo a Israel. Segundo as IDF, soldados atuaram junto à Polícia de Fronteira para conter a infiltração e dispersar os grupos reunidos na área.

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