Rússia fornece defesas aéreas ao Irã diante de possível guerra com Israel

Não há informações de quais equipamentos o Irã havia solicitado à Rússia nem quais itens foram efetivamente entregues.

fonte: Guiame, com informações do Times of Israel

Atualizado: Terça-feira, 6 Agosto de 2024 as 9:16

Vladimir Putin, o presidente da Rússia; Ali Khamenei, o Líder Supremo do Irã. (Fotos: Wikipedia)
Vladimir Putin, o presidente da Rússia; Ali Khamenei, o Líder Supremo do Irã. (Fotos: Wikipedia)

Segundo informações divulgadas pelo New York Times nesta segunda-feira (05), autoridades iranianas afirmam que a Rússia iniciou a entrega de equipamentos avançados de defesa aérea e sistemas de radar ao Irã. A solicitação das armas teria sido feita por Teerã diretamente ao Kremlin.

Enquanto a mídia iraniana local informou que Teerã havia solicitado o equipamento, um membro do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e outra autoridade confirmaram ao jornal americano que, além do pedido ter sido feito, as entregas dos equipamentos já começaram.

A negociação ocorreu em um momento de alta tensão no Oriente Médio, com preocupações crescentes sobre um possível ataque iraniano a Israel em retaliação pela suposta eliminação do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, pelos israelenses.

A eliminação do líder terroristas aconteceu em Teerã, capital iraniana, no dia 31 de julho.

O Irã afirmou que Israel deve ser "punido" pelo assassinato de Haniyeh e prometeu medidas contra o país, levantando temores de que a resposta iraniana possa levar o já turbulento Oriente Médio a uma guerra total.

Além disso, o grupo de milícias iraniano Hezbollah ameaçou atacar Israel a partir do Líbano, em retaliação pelo assassinato de seu líder militar, Fuad Shukr, em um ataque perto de Beirute na semana passada, atribuído a Israel.

Defesa contra agressão

Israel declarou estar preparado para se defender e retaliar qualquer agressão.

Segundo o canal Ynet, em uma reunião realizada no domingo (04), o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu discutiu com os chefes de segurança do país a possibilidade de um ataque preventivo ao Irã para evitar um ataque iminente daquele país.

No dia seguinte, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que Israel deve estar pronto para uma resposta rápida e ofensiva em caso de um ataque iraniano.

A reportagem do New York Times não especificou quais equipamentos o Irã havia solicitado à Rússia nem quais itens foram efetivamente entregues. O Irã já possui alguns sistemas de defesa aérea S-300, fabricados pela Rússia, enquanto Moscou agora dispõe do sistema mais avançado, o S-400.

Retaliação

Em abril, o Irã realizou um ataque direto sem precedentes contra Israel, que afirmou ter sido uma retaliação pela morte de um comandante sênior do exército em um ataque na Síria, atribuído a Israel.

A ofensiva, que envolveu cerca de 300 mísseis e drones, foi quase totalmente interceptada pelos sistemas de defesa aérea israelenses, em colaboração com os EUA e uma série de aliados e países árabes da região. O ataque causou apenas danos menores, embora uma jovem beduína tenha sofrido ferimentos graves devido a estilhaços.

Na ocasião, Israel aparentemente respondeu atacando um sistema S-300 próximo a uma instalação nuclear no Irã, embora o país não tenha confirmado oficialmente o ocorrido.

A reportagem do New York Times foi publicada enquanto a mídia estatal iraniana relatava que o novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou a um aliado sênior do líder do Kremlin, Vladimir Putin, durante uma visita ao país, que Teerã está decidido a expandir suas relações com sua "parceira estratégica, a Rússia".

“A Rússia está entre os países que apoiaram a nação iraniana durante tempos difíceis”, disse Pezeshkian a Sergei Shoigu, secretário do conselho de segurança da Rússia, segundo a mídia estatal iraniana.

Durante a reunião com Shoigu, o presidente iraniano também comentou que as "ações criminosas" de Israel em Gaza e o assassinato de Haniyeh em Teerã na semana passada são "exemplos claros de violação de todas as leis e regulamentos internacionais".

Grupos terroristas

Há anos, Teerã vem fornecendo armas e treinamento a grupos no Oriente Médio, como o Hezbollah, o Hamas e os Houthis do Iêmen, com o objetivo de atacar Israel e outros alvos.

A guerra de Israel ao Hamas começou em 7 de outubro, quando o grupo terrorista palestino lançou um devastador ataque em solo israelense, resultando na morte de 1.200 pessoas.

Durante o ataque, os terroristas sequestraram 251 pessoas e as levaram para a Faixa de Gaza. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva militar com o objetivo de destruir o Hamas em Gaza e libertar os reféns.

Desde os massacres de 7 de outubro, a Rússia, que tem apoiado amplamente o Hamas e outros grupos terroristas aliados, condenou o assassinato de Haniyeh e pediu a todas as partes envolvidas que se abstenham de ações que possam agravar a situação e levar o Oriente Médio a uma guerra regional mais ampla.

Segundo a citação, Pezeshkian afirmou que as posições compartilhadas entre o Irã e a Rússia na promoção de um mundo multipolar "certamente levarão a uma maior segurança e paz globais".

Sergei Shoigu, que foi ministro da Defesa da Rússia antes de ser transferido para o Conselho de Segurança em maio, apareceu em imagens da televisão russa Zvezda em uma reunião com o contra-almirante Ali Akbar Ahmadian.

Ahmadian é um comandante sênior do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e serve como secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional.

Norte de Israel

No dia seguinte ao 7 de outubro, o grupo terrorista libanês Hezbollah, aliado do Irã, começou a atacar a fronteira norte de Israel, alegando estar apoiando Gaza.

Em meio a ataques quase diários do Hezbollah, que incluíram disparos de foguetes e drones e provocaram o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas, as Forças de Defesa de Israel (FDI) responderam com ações militares contra o grupo.

A crescente violência gerou preocupações de que o conflito pudesse evoluir para uma segunda guerra. As ameaças de retaliação por parte do Irã e do Hezbollah, em resposta aos assassinatos recentes, intensificaram essas preocupações.

Os EUA e vários países da região estão empenhados em esforços frenéticos para acalmar a situação e evitar uma escalada que poderia levar a uma guerra regional.

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