Selo raro da época do Primeiro Templo é descoberto em Jerusalém

O selo descoberto pelos arqueólogos data da segunda metade do século VII a.C. ao início do século VI a.C.

fonte: Guiame, com informações do Times of Israel

Atualizado: Quarta-feira, 30 Julho de 2025 as 12:07

Selo com inscrição em hebraico do período do Primeiro Templo. (Foto: Projeto de Peneiração do Monte do Templo)
Selo com inscrição em hebraico do período do Primeiro Templo. (Foto: Projeto de Peneiração do Monte do Templo)

Uma impressão de selo hebraico, datada da era do Primeiro Templo, foi descoberta há três semanas pelo Projeto de Peneiramento do Monte do Templo, segundo divulgou a mídia hebraica nesta quarta-feira (30).

Uma bula (outro termo utilizado para selo) é uma pequena peça feita de argila, cera ou metal maleável, contendo inscrições que serviam para autenticar documentos comerciais e jurídicos.

Com base no formato das letras, a bula é datada da segunda metade do século VII a.C. até o início do século VI a.C.

O selo de argila, bem preservado, foi identificado pelo arqueólogo Mordechai Erlich, conforme noticiado pelo site Ynet.

A inscrição foi decifrada pelos especialistas Anat Mendel-Geberovich e Zachi Dvira como “Yed[a‛]yah (filho de) Asayahu”, significando “Pertencente a Yed[a‛]yah, filho de Asayahu”. Presume-se que esse indivíduo era o proprietário original do selo.

Pelas marcações presentes na parte posterior do artefato, tudo indica que se trata de uma impressão de selo utilizada para lacrar certos tipos de recipientes de armazenamento, com o objetivo de assegurar que apenas pessoas autorizadas tivessem acesso ao conteúdo.

Projeto arqueológico

O Projeto de Peneiramento do Monte do Templo é mantido por doações privadas, sob a gestão da Fundação Arqueológica de Israel — uma entidade sem fins lucrativos — e conta com o apoio acadêmico da Universidade Bar-Ilan.

A iniciativa começou há duas décadas, como resposta às escavações não autorizadas conduzidas pelo Ramo Norte do Movimento Islâmico na região do Monte do Templo. Posteriormente, esse grupo foi interditado devido às suas conexões com o Hamas e a Irmandade Muçulmana.

Segundo o site da organização, o Projeto de Peneiramento do Monte do Templo revelou uma impressionante diversidade de artefatos antigos encontrados no solo da região.

O arqueólogo Mordechai Ehrlich segura o selo. (Foto: Projeto de Peneiramento do Monte do Templo)

Entre eles estão fragmentos de cerâmica, recipientes de vidro, peças de metal, ossos, pedras de mosaico, aproximadamente 5.000 moedas históricas, joias variadas, uma ampla gama de contas ornamentais, estatuetas de terracota, pontas de flechas, outras armas, pesos e muitos outros objetos de valor arqueológico.

Mais de 250.000 israelenses e estrangeiros se voluntariaram para participar do projeto de peneiração.

Josias, rei de Judá

De acordo com o relato bíblico, há cerca de 2.647 anos, durante o reinado de Josias, rei de Judá, foram realizadas reformas no Templo de Jerusalém. Foi nesse contexto que se descobriu um “rolo da Torá”, marco significativo na renovação religiosa do período.

Ao ouvir a leitura do pergaminho – cujo conteúdo advertia sobre o juízo iminente provocado pelos pecados do povo de Israel – o rei Josias reagiu com profundo temor, rasgando suas vestes em sinal de angústia.

Em seguida, enviou uma comitiva até a profetisa Hulda, que anunciou a futura destruição de Jerusalém como consequência da transgressão coletiva.

Um dos membros da delegação chamava-se Asayahu, cujo nome é acompanhado pelo título “servo do rei”, provavelmente referindo-se a um alto funcionário e confidente de confiança.

Segundo o jornal israelense Behadrei Haredim, os especialistas que decifraram a inscrição especulam que o selo possa ter pertencido ao filho de Asayahu, considerando a forte probabilidade de que ele também tenha exercido uma função de destaque na corte, à semelhança de seu pai.

Altos cargos

O relatório acrescenta que uma parcela expressiva dos nomes presentes em selos e suas respectivas impressões, recuperados durante escavações em Jerusalém, foi identificada como pertencente a personagens administrativos mencionados na Bíblia.

Os selos não eram usados por pessoas comuns, mas sim por indivíduos em altos cargos oficiais.

Conforme o relato bíblico, os muros de Jerusalém foram rompidos após um cerco liderado por Nabucodonosor, rei da Babilônia, episódio ocorrido 36 anos depois da descoberta do rolo da Torá.

Muitos habitantes da cidade foram mortos ou exilados, e o templo foi destruído. A maioria dos altos funcionários de Jerusalém foi exilada para a Babilônia.

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