
Um judeu em Tel Aviv, Israel, relatou os desafios enfrentados pelos israelenses nos últimos cinco dias, desde o início do conflito contra o Irã.
Nascido nos EUA, Eli Birnbaum é de uma família judaica messiânica que emigrou para Israel quando tinha 7 anos. Atualmente, ele é o diretor da organização missionária “Jews for Jesus” (“Judeus por Jesus”), em Israel.
Segundo ele, correr para abrigos antiaéreos e ouvir sons de alarmes e explosões se tornou a rotina de muitos israelenses afetados pela guerra.
"Tudo mudou. Todos os dias, desde sexta-feira, somos informados de que temos 10 minutos para ficar em nossos abrigos, então ninguém está realmente disposto a sair de casa ou de nossos abrigos após 10 minutos", disse Birnbaum ao The Christian Post.
E continuou: “A tensão está alta. Quando você vai dormir e ouve esses alarmes, e se estiver no abrigo, você ouve as explosões acima de você. Você realmente espera que não sinta nada tremendo, porque, então, sabe que algum objeto caiu perto de você".
"Essa é a realidade. Todo mundo agora conhece alguém que provavelmente foi afetado por isso ou que perdeu a casa, e você vai para a cama tentando não pensar no fato de que pode ser atingido diretamente e morrer, porque não há discriminação, não há como saber onde ou quando o míssil vai atingir. Então tem sido bem difícil", acrescentou.
O conflito entre Israel e Irã eclodiu na última sexta-feira (13), depois que Israel lançou um ataque à infraestrutura nuclear e militar do Irã usando aviões de guerra e drones para matar importantes generais e cientistas.
Desde então, pelo menos 24 pessoas foram mortas em Israel e mais de 500 ficaram feridas, enquanto 224 pessoas foram mortas no Irã, de acordo com autoridades iranianas.
Impacto na missão
Além disso, o conflito teve um impacto significativo no trabalho da missão: "Metade da nossa equipe precisa ficar em casa e com suas famílias enquanto lidam com isso”.
"E a outra metade da nossa equipe têm tentado entender como podemos responder e ajudar de alguma forma — sejam os feridos no hospital, os que perderam suas casas, os socorristas e os locais atingidos. Conforme isso acontece, conseguimos fornecer água, bebidas, biscoitos e sanduíches", acrescentou.
O isolamento causado pela guerra tem tornado o trabalho ainda mais desafiador para o ministério global cuja atuação depende da conexão com parceiros e grupos do mundo todo.
"Eu estava mencionando hoje, quando conversava com nossa equipe de liderança executiva, que me sinto como se estivesse em uma ilha. Temos uma viagem planejada para setembro para a Índia e o Peru. Não sei se isso será possível", disse Birnbaum.
Atualmente, o ministério está trabalhando no repatriamento de um grupo de 30 jovens voluntários americanos, o que também representa um desafio.
“Com o fechamento do espaço aéreo israelense, o Judeus por Jesus agora está esperando para ver qual é a coisa mais segura a fazer”, explicou Birnbaum.
Na última terça-feira (17), o Ministério do Turismo de Israel informou que ajudará cerca de 38.000 turistas no país a se registrarem para voos internacionais.
‘Adoraríamos conhecer os iranianos e ter paz’
Birnbaum afirmou que, desde o ataque do grupo terrorista Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023 — que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas, a maioria civis — havia uma expectativa de que algo significativo acontecesse.
Em resposta, Israel lançou ataques aéreos e iniciou uma ofensiva terrestre com o objetivo de erradicar o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, e garantir a libertação de mais de 240 reféns.
“De certa forma, temos nos preparado para isso nos últimos dois anos, porque desde 7 de outubro esperávamos, a qualquer momento, um ataque maior com mísseis, seja vindo do Líbano ou do Irã. Então, estávamos esperando por isso. Estávamos esperando que algo acontecesse”, contou ele.
E continuou: “Não sabíamos que Israel lançaria um ataque preventivo, então isso foi algo que realmente nos pegou um pouco de surpresa, embora alguns dias antes houvesse indícios de que isso aconteceria. Mas, em nossas mentes, estávamos nos preparando para isso”.
Sobre o clima do país em meio aos desafios da guerra, Birnbaum disse: "Acho que a nação israelense está calma e resiliente".
E continuou: "Eles sabem que, antes do início da guerra, nossa vida estava em maior perigo do que hoje, porque agora sabemos exatamente que o regime que ameaçava nossa existência está sendo responsabilizado por suas ações e por seus planos".
"Se Israel não tivesse atacado, chegaria o dia em que o Irã teria feito o primeiro ataque e então estaríamos em um mundo muito, muito diferente, no qual não gostaríamos de estar. Então, acho que o público israelense está muito disposto a pagar esse preço porque eles querem viver em um mundo mais seguro e pacífico, e nós adoraríamos conhecer o povo iraniano e ter paz nesta área", acrescentou.
Por fim, Birnbaum falou que há uma esperança no coração dos israelenses:
“Todo israelense cresce com uma canção que cantamos, dizendo que um dia não precisaremos mais ir para a guerra. Um dia, não precisaremos mais ser soldados. Desde que moro aqui, todos os pais diziam a todas as crianças que nasceram: 'Sabe, talvez vocês não precisem mais ir para a guerra'. E, infelizmente, não foi esse o caso, mas acho que essa é a esperança. Há muita esperança em Israel de que esta guerra mude esse ciclo interminável de violência, e por isso as pessoas estão esperançosas e resilientes".