Extremistas ligados ao Estado Islâmico revendicaram a autoria de ataques contra cristãos nas últimas semanas em Moçambique e na República Democrática do Congo.
De acordo com o Middle East Media Research Institute (MEMRI), o grupo terrorista Província do Estado Islâmico da África Central (ISCAP) atacou vilarejos cristãos no leste do Congo, onde decapitou 18 crentes.
O grupo anunciou os assassinatos em um comunicado divulgado em seus canais de informação.
Os terroristas comemoraram a decapitação de 12 cristãos durante um ataque à Vila Mayba, no Território de Lubero, em 12 de novembro.
Dias depois, o Estado Islâmico atacou a Vila de Mazenze, na província nordeste de Ituri. O comunicado afirmou que "soldados do Califado" usaram metralhadoras para matar seis cristãos e queimaram cerca de 20 casas.
O grupo islâmico também realizou um ataque na província de Cabo Delgado, em Moçambique, matando quatro pessoas – duas delas foram decapitadas.
Segundo o bispo Alberto Vera de Nacala, que lidera uma igreja católica na cidade de Nampula, vários assentamentos foram atacados, milhares de pessoas fugiram e centenas de casas foram incendiadas durante o ataque.
"Foi uma semana de terror e muito sofrimento. Pais e seus filhos tiveram que fugir para lugares mais seguros. Milhares de famílias estão sofrendo e tentando escapar dos terroristas. A situação é muito confusa e, em alguns lugares, a maioria das casas foi incendiada e pessoas foram mortas”, relatou o líder, à Aid to the Church in Need.
Onda de violência
Moradores da província de Cabo Delgado enfrentam a violência islâmica desde 2017.
"Por mais de sete anos, a região enfrentou ondas recorrentes de violência, e ainda estamos orando e acreditando por uma paz duradoura", declarou a missão Iris Global, que atua no país.
"Às vezes, é difícil saber o quanto compartilhar, não queremos sobrecarregar ninguém com as dificuldades quando também há tantas boas notícias. No entanto, nossa família moçambicana, pastores e missionários na região realmente precisam de suas orações agora”, ressaltou.
No total, 20 cristãos foram decapitados nos dois países. Os recentes ataques fazem parte de uma onda de violência em Moçambique e na República Democrática do Congo.
Em outubro, mais de 30 cristãos foram decapitados por terroristas ligados ao Estado Islâmico em uma série de ataques no Norte de Moçambique.
Expansão terrorista
Os atentados promovidos pelo Estado Islâmico (ISIS) contra comunidades cristãs em Moçambique, na República Democrática do Congo (RDC) e na Nigéria continuam a fortalecer a narrativa expansionista do grupo no continente africano.
Em 26 de junho de 2025, o grupo terrorista divulgou a edição 501 do seu boletim semanal Al-Naba', acompanhada por um infográfico que sintetiza a chamada “colheita de operações” realizadas ao longo do ano islâmico de 1446 (7 de julho de 2024 a 26 de junho de 2025).
O relatório afirma que 4.943 pessoas foram mortas ou feridas nesse período, entre elas 1.480 indivíduos identificados pelo grupo como “cruzados”, uma referência direta aos ataques a comunidades cristãs nos três países mencionados.
As ações fazem parte de uma escalada de violência religiosa e territorial promovida pelo grupo na região, que já enfrenta instabilidade há anos.