
Há seis anos, Roberta e Eliel Marins percorrem o Brasil levando fé e solidariedade por meio do Projeto Kombíblia, que une três pilares: pão, palavra e oração.
A bordo de uma Kombi adaptada, o casal compartilha mensagens de fé, realiza ações sociais em parceria com igrejas locais, e promove encontros comunitários em diversas cidades brasileiras.
Até agora, o Projeto Kombíblia já percorreu 14 estados, incluindo Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e Paraná, e recentemente esteve na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará.
Em entrevista ao Guiame, Roberta falou sobre a missão que realiza com seu marido e como o projeto tem se desenrolado desde o início.
Ela contou que o Projeto Kombíblia nasceu em 2019, quando Eliel, após ficar viúvo, decidiu viajar em busca de preencher o vazio pessoal que carregava.
A ideia evoluiu e se transformou em um chamado maior: utilizar a Kombi como lar e estúdio itinerante de evangelização, com distribuição de Bíblias, inclusive para crianças.
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Pouco tempo depois, ele se casou com Roberta, que já compartilhava da mesma paixão missionária. Desde então, ambos seguem juntos nessa jornada, movidos pela fé e pelo desejo de servir.
Pais de quatro filhos adultos e casados – dois de Eliel e dois de Roberta – a missão do casal não sofreu nenhuma dificuldade familiar para ser implementada.
Membros da Igreja Batista Nacional, em Novo Progresso, no Pará, eles sonham em alcançar novos destinos, mesmo com as dificuldades que encontram para manter o projeto, que é sustentado basicamente por doações espontâneas, já que o casal vive apenas da aposentadoria.
“Queremos ainda visitar cinco estados onde não estivemos: Rondônia, Acre, Roraima, Amazonas e Amapá. Fora isso, seguimos sem planos fixos, apenas confiando que Deus nos guiará.”
Desafios e testemunhos
Segundo o casal, o maior desafio da missão é manter os recursos necessários para continuar viajando. Além disso, os problemas mecânicos da Kombi exigem constante atenção. Ainda assim, a receptividade das pessoas é um combustível que não deixa a missão parar.
“As pessoas comuns sempre nos recebem muito bem. As igrejas, no início, se mostram receosas, mas acabam nos acolhendo. Já nas redes sociais, infelizmente, sofremos ataques de incrédulos”, contou Roberta ao Guiame.
Entre as inúmeras histórias vividas pelo caminho, uma delas marcou profundamente o casal. Em Santo Antônio da Platina (PR), ao pernoitar em um posto de combustíveis, eles encontraram um jovem em situação de vulnerabilidade.
Inicialmente, pensaram se tratar de um dependente químico, mas logo perceberam sinais de esquizofrenia e forte perturbação emocional.
“Deus tocou no meu coração que ali não se tratava disso [dependência química], abordamos ele e com muita dificuldade conseguimos perceber que se tratava de um jovem com sérias perturbações, havia sinais de esquizofrenia e também alguma ação do inimigo”.
Jovem que vivia como andarilho, hoje trabalha em um posto de gasolina. (Foto: Projeto Kombíblia)
Ao conversar com ele, descobriram que havia saído de casa, em São José dos Pinhais, 400 km dali, e estava desaparecido havia três meses. Sua família já o dava como morto.
Por meio das redes sociais, Roberta e Eliel conseguiram localizar os pais do rapaz, que viajaram durante a madrugada para reencontrá-lo.
“Graças a Deus localizamos os pais dele, que viajaram a noite e na manhã seguinte o apanharam e o levaram de volta pra casa”.
Leonardo Peres de Araújo escreveu um depoimento sobre o trabalho missionário que realizam junto ao rapaz:
“Parabéns a esse senhor! Ele passou pelo Posto Chapadão, e salvou um menino que estava com esquizofrenia e já estava perdido de casa havia bastante tempo. Parece que o menino era de Curitiba. Esse anjo 🥰 da Kombi Bíblia o levou de volta para casa. Que Jesus Cristo o ilumine sempre!”
Evangelismo
Além da evangelização, o Projeto Kombíblia busca apoiar comunidades locais em diferentes frentes.
O casal se coloca à disposição das igrejas que encontram pelo caminho — independentemente da denominação — e participa ativamente de ações sociais.
“Não há um tipo específico de ação, estamos sempre nos colocando à disposição para qualquer situação. Geralmente, ao chegar numa comunidade procuramos a igreja local – independentemente da placa – e nos colocamos à disposição para ajudar”, diz Roberta.
“Quando vamos nos despedir é até difícil, pois ficam muito gratos e querem que fiquemos com eles.”