Cristãos são atacados e impedidos de voltar para casa na Índia: ‘Renunciem a Jesus’

Dez famílias foram brutalmente atacadas e expulsas de suas casas por vizinhos adeptos de religiões tribais locais.

fonte: Guiame, com informações do Morning Star News

Atualizado: Quarta-feira, 14 Maio de 2025 as 2:40

Cristãos foram agredidos na vila de Durandarbha, distrito de Sukma. (Foto: Evangelical Fellowship of India)
Cristãos foram agredidos na vila de Durandarbha, distrito de Sukma. (Foto: Evangelical Fellowship of India)

Cerca de 45 cristãos de 10 famílias foram brutalmente expulsos de suas casas por vizinhos adeptos de religiões tribais locais. O ataque ocorreu em abril, no vilarejo de Durandarbha, localizado em Konta tehsil, na Índia.

Eles se espalharam para colinas e florestas próximas, passando a noite ao relento antes de encontrarem abrigo em uma igreja em Chintalnar, a 17 quilômetros de distância.

Os agressores, armados com bastões e varas de bambu, atacaram os cristãos por causa de sua fé em Jesus, deixando vários feridos e fazendo ameaças de morte.

Segundo fontes locais, os cristãos foram informados de que só poderiam retornar às suas casas se renunciassem à sua fé em Jesus.

Para avaliar a atitude dos moradores, os cristãos enviaram duas mulheres a Durandarbha. Elas voltaram aterrorizadas, relatando que foram ameaçadas de morte caso retornassem sem renunciar à sua fé em Cristo.

“Renunciem a Jesus Cristo e só então poderão entrar na aldeia”, foi o que elas ouviram, segundo Hirma Markam, que auxiliava no cuidado das famílias cristãs em Chintalnar.

Incêndio

No dia seguinte, eles receberam a notícia de que a casa de Mediyam Lakhma, um dos fugitivos, havia sido destruída por um incêndio. Os responsáveis pelo incidente ainda são desconhecidos, mas "parece óbvio que foram os moradores", afirmou Markam.

Santosh Markam, outro ajudante, acrescentou: “As famílias tiveram que fugir para as colinas e algumas para a floresta com mulheres, crianças e idosos para escapar da fúria dos moradores e não retornaram para suas casas desde então”.

Os que tentaram retornar foram novamente ameaçados e instruídos a se converter às crenças tribais locais como condição para serem reintegrados à comunidade.

As famílias afetadas buscaram abrigo em áreas próximas, onde enfrentam condições precárias e escassez de alimentos.

Organizações cristãs e defensores dos direitos humanos têm denunciado o aumento de incidentes semelhantes na região, onde minorias religiosas sofrem perseguições sistemáticas.

Uma das famílias atacadas, incluindo três crianças, permaneceu na aldeia, disse Kunjam Bechem, um dos cristãos expulsos.

“O cristão e um de seus filhos [menores] foram severamente agredidos, e a família está em prisão domiciliar desde então pelos moradores”, disse Bechem ao Morning Star News.

Convocado e emboscado

No dia 24 de abril, os moradores convocaram 11 famílias para uma reunião. Ao chegarem conforme as instruções, os cristãos foram cercados por cerca de 60 moradores, que estavam armados com grossos pedaços de madeira e começaram a questionar sua fé.

Os moradores pressionaram insistentemente para que os cristãos renunciassem a Cristo, mas as famílias permaneceram firmes, defendendo sua fé e explicando as razões de sua crença.

“Estávamos morrendo em nossa doença, e vocês não se importavam com a nossa vida”, disse uma mulher cristã aos moradores, segundo Bechem. “Agora que Jesus nos curou e estamos vivendo com saúde, nossa condição e vida pacífica parecem incomodá-los, e vocês vêm questionar nossa fé.”

O embate verbal rapidamente escalou para agressões físicas, com os moradores atacando indiscriminadamente.

"Eles não demonstraram misericórdia com idosos, mulheres e crianças", disse Hirma Markam. "O ataque foi implacável."

Busca por Bíblias

Os moradores invadiram as casas dos cristãos, vasculhando em busca de Bíblias e documentos oficiais que comprovassem suas identidades, e depois os incendiaram.

“Alguns homens entraram em nossas casas e apreenderam nossas Bíblias, cartazes com versículos bíblicos, nossos documentos bancários, nossos cartões de racionamento [que dão acesso às rações alimentares mensais do governo], meu cartão Aadhaar [um documento de identificação biométrica], juntaram tudo e queimaram”, disse Padaam Hidma, que sustenta cinco dependentes.

Os cristãos foram espancados tão severamente que fugiram em direção às colinas e florestas, perseguidos pelos agressores.

“Todos nos dispersamos – alguns se abrigaram nas colinas e outros na floresta”, disse Bechem. “Só na manhã seguinte nos encontramos na aldeia de Chimli, a cerca de cinco quilômetros de Durandarbha, e seguimos em direção à nossa igreja em Chintalnar, a quinze quilômetros de Chimli, e nos reunimos.”

No dia 25 de abril, os cristãos foram até a delegacia de polícia de Jagargunda, localizada na floresta, a 13 quilômetros de Chintalnar, para registrar o ataque. No dia seguinte, a polícia os escoltou até um hospital público para a realização de exames médicos.

Três menores, nove mulheres e seis homens sofreram agressões brutais, de acordo com Bechem.

Polícia não agiu

Os cristãos não receberam uma cópia da queixa, nem foram informados se acusações formais foram feitas contra seus agressores.

“A polícia nos aconselhou a não retornar à aldeia imediatamente, mas a deixar a questão se resolver”, disse Bechem.

A polícia convocou os agressores à delegacia e emitiu advertências verbais, segundo Bechem. Posteriormente, os cristãos foram informados de que os moradores haviam sido alertados de que qualquer reincidência acarretaria severas consequências legais.

Os cristãos também registraram uma queixa no cartório, mas "a polícia ainda não fez nada e nenhuma prisão foi feita", disse Santosh Markam.

Os 45 membros dessas 10 famílias continuam refugiados na igreja improvisada.

Quando o Morning Star News entrou em contato com Hirma Markam em 8 de maio para perguntar sobre a situação dos cristãos, ele mencionou que já havia chovido duas vezes e que o telhado da igreja, feito de feno e toras de madeira, estava com vazamentos.

“Tem sido muito difícil para os cristãos permanecerem secos e seguros em dias chuvosos a noite toda”, disse ele.

A organização cristã Portas Abertas posicionou a Índia em 11º lugar na Lista Mundial de Perseguição de 2025, que destaca os países onde os cristãos enfrentam as formas mais severas de perseguição.

Em 2013, a Índia ocupava a 31ª posição, mas tem descido no ranking continuamente desde a chegada de Narendra Modi ao cargo de primeiro-ministro.

Defensores dos direitos religiosos apontam para o tom hostil do governo da Aliança Democrática Nacional, liderado pelo Partido Nacionalista Hindu Bharatiya Janata, que eles dizem ter encorajado extremistas hindus na Índia desde que Modi assumiu o poder em maio de 2014.

veja também