Em nova onda de violência, 20 cristãos são assassinados em Moçambique

Relatos locais atribuem os ataques ao grupo extremista conhecido como “al-Shabaab” na região de Cabo Delgado.

fonte: Guiame, com informações da Portas Abertas UK & Ireland

Atualizado: Quarta-feira, 22 Outubro de 2025 as 2:31

Parte da devastação causada pelos recentes ataques na aldeia de Napala. (Foto: Portas Abertas)
Parte da devastação causada pelos recentes ataques na aldeia de Napala. (Foto: Portas Abertas)

Uma onda de ataques contra cristãos no norte de Moçambique, em Cabo Delgado, reacende preocupações internacionais sobre a violência de grupos extremistas na região.

De acordo com a organização Portas Abertas do Reino Unido e Irlanda, ao menos 20 cristãos foram mortos em um único ataque, e cerca de 1.300 casas, além de duas igrejas, foram destruídas.

A ofensiva ocorreu no início deste mês na vila de Napala, localizada no distrito de Chiúre.

Relatos locais atribuem os ataques ao grupo Ahlu Sunnah wa Jama’ah, frequentemente chamado de “al-Shabaab” na região de Cabo Delgado.

Com a retirada das forças de defesa e segurança do Estado moçambicano, a região ficou mais vulnerável, o que facilitou a destruição em larga escala.

Segundo um pastor local ouvido pela Portas Abertas: “Tudo piorou quando as FDS (Forças de Defesa e Segurança) tentaram intervir sem sucesso. Quando fugiram, deixaram tudo pior para aquelas pessoas.”

E continuou: “Lamentamos a morte de quatro irmãs idosas que foram amarradas e queimadas dentro de uma casa pelos insurgentes.”

Comunidade cristã é alvo

O relatório destaca que os ataques não foram incidentes aleatórios, mas que a comunidade cristã foi claramente alvo.

Em um boletim informativo de uma facção do Estado Islâmico (ISIS) circulado na África, há uma mensagem dirigida aos cristãos com três opções: converter-se ao Islã, pagar a jizya (imposto aplicado a não muçulmanos) ou enfrentar “morte e expulsão”.

O texto elogia o que chama de “jihad” contra cristãos em Moçambique e na região oriental da República Democrática do Congo.

Impactos e silêncio

As consequências humanitárias da ofensiva são sérias: cerca de 2.000 crentes foram deslocados, além da destruição de casas e igrejas.

Uma fonte da igreja em Moçambique descreve “medo, intimidação e exaustão emocional” entre líderes e fiéis.

Ela critica ainda o que considera uma resposta fraca ou insuficiente por parte do governo moçambicano, que impõe ainda restrições severas à divulgação de informação nas zonas de conflito, como por exemplo, proibição de fotografias.

Desde 2017, a província de Cabo Delgado tem sido palco de um conflito marcado por interesses econômicos, como gás natural e recursos minerais, insurgência armada e extremismo religioso.

A retirada ou a presença instável das forças governamentais tem criado vácuos de poder, facilitando a ocorrência de ataques como o mencionado.

Especialistas observam que a crescente ligação ideológica entre grupos locais e movimentos internacionais como o ISIS intensifica o risco – tanto para a população cristã quanto para comunidades muçulmanas que não aderem às ideologias mais radicais.

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