
Parlamentares dos EUA emitiram um apelo conjunto ao governo americano para que adote medidas imediatas em defesa dos cristãos perseguidos na Nigéria.
O grupo pediu que o país africano seja novamente incluído na lista de “Países de Preocupação Particular” (CPC, na sigla em inglês), categoria reservada a nações onde há violações graves à liberdade religiosa.
O pedido foi feito após um relatório da organização International Christian Concern (ICC) apontar que 82% dos cristãos mortos por perseguição religiosa entre 2022 e 2023 estavam na Nigéria.
O documento descreve o país como “o lugar mais perigoso do mundo para os cristãos”, devido à intensificação de ataques de grupos extremistas e milícias étnicas.
“Cristãos estão sendo perseguidos e mortos na Nigéria por professarem sua fé em nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo”, publicou o Deputado Riley Moore no X.
Christians are being persecuted and killed in Nigeria for professing their faith in our Lord and Savior, Jesus Christ.
— Rep. Riley M. Moore (@RepRileyMoore) October 20, 2025
The killings must stop.
That’s why I’m urging @SecRubio to designate Nigeria as a Country of Particular Concern. We must use every diplomatic tool to end this… pic.twitter.com/UTGXlXzFuk
“Os assassinatos precisam parar. É por isso que estou pedindo ao @SecRubio que designe a Nigéria como um País de Preocupação Particular. Devemos usar todas as ferramentas diplomáticas para pôr fim a este massacre horrível de nossos irmãos e irmãs em Cristo.”
“Os Estados Unidos não podem ficar de braços cruzados enquanto nossos irmãos e irmãs em Cristo são massacrados”, declarou o congressista, um dos líderes do movimento que exige uma resposta da Casa Branca.
Genocídio de cristãos
Entre as vozes mais firmes está o senador Ted Cruz, que classificou a situação na Nigéria como um “massacre em larga escala”.
Segundo ele, “50 mil cristãos foram mortos desde 2009, com 2 mil escolas e 18 mil igrejas destruídas”.
Para Cruz, o governo americano tem obrigação moral de pressionar Abuja e restaurar a designação da Nigéria como país de preocupação particular.
Figuras públicas da mídia, incluindo Bill Maher, também pediram maior conscientização sobre essa perseguição e desafiaram a mídia a destacar o problema.
Governo nigeriano nega perseguição religiosa
Em resposta às acusações, o ministro da Informação da Nigéria, Mohammed Idris Malagi, negou que exista uma campanha direcionada contra cristãos.
“Apresentar os desafios de segurança da Nigéria como uma campanha direcionada contra um grupo religioso é uma deturpação grosseira da realidade”, afirmou o ministro, destacando que os ataques também afetam muçulmanos e outras comunidades.
O analista Ladd Serwat, da organização Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED), ressaltou que o conflito nigeriano é complexo e envolve múltiplas causas.
“Embora a religião seja um fator, é impossível falar de violência exclusivamente religiosa”, explicou. “As disputas por terra, a pobreza e a falta de governança local agravam as tensões e alimentam o ciclo de violência.”
Pressão sobre o governo americano
Os parlamentares norte-americanos querem que o Departamento de Estado volte a aplicar a classificação CPC – retirada em 2021 –, o que obrigaria Washington a adotar sanções diplomáticas e econômicas contra autoridades ou grupos envolvidos em violações à liberdade religiosa.
Segundo a ICC, a retirada da Nigéria dessa lista “piorou significativamente a situação”, com aumento nos sequestros, destruição de vilarejos e assassinatos de pastores e fiéis.
As regiões mais afetadas são o Centro-Norte e o Norte do país, onde atuam o grupo jihadista Boko Haram, a facção Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP) e milícias de pastores fulani.
Crise humanitária e apelo internacional
Para organizações de direitos humanos, o silêncio internacional diante da crise representa uma falha grave. A Nigéria, o país mais populoso da África, é estratégica na segurança regional, e sua instabilidade pode gerar impactos em toda a região do Sahel.
A ICC e líderes cristãos americanos consideram que o reconhecimento oficial da crise nigeriana é essencial para conter o ciclo de impunidade.
“Trata-se de um genocídio silencioso. A liberdade religiosa só existe quando há vontade política de protegê-la”, afirmou um porta-voz da organização.
O governo americano ainda não se pronunciou sobre o pedido, mas o tema deve ser discutido nas próximas sessões do Comitê de Relações Exteriores da Câmara.