Dietrich Bonhoeffer: 80 anos da morte do pastor que desafiou o nazismo

Bonhoeffer foi enforcado em abril de 1945 após ficar preso no campo de concentração de Flossenbürg, na Alemanha.

fonte: Guiame, com informações do Premier

Atualizado: Quinta-feira, 24 Abril de 2025 as 3:08

Cenas do filme A Redenção: A História Real de Bonhoeffer. (Foto: Angels Studio)
Cenas do filme A Redenção: A História Real de Bonhoeffer. (Foto: Angels Studio)

O Dia em Memória do Holocausto traz a lembrança dos 80 anos da morte de Dietrich Bonhoeffer, um dos mais notáveis líderes cristãos do século 20.

Bonhoeffer foi enforcado pelos nazistas em 9 de abril de 1945, apenas duas semanas antes de seus companheiros de prisão serem libertados do campo de concentração de Flossenbürg.

Sua vida e ministério, continuam inspirando milhões de cristãos ao redor do mundo por sua coragem e fidelidade aos princípios do Evangelho.

Teólogo e pastor luterano, Bonhoeffer desempenhou um papel crucial na resistência ao regime nazista na Alemanha, usando sua posição como membro da Abwehr, o serviço de inteligência militar alemão, para ajudar judeus a escapar da perseguição nazista, fornecendo-lhes documentos falsos e apoio logístico.

Ele foi um dos fundadores da Igreja Confessante, que se opunha à influência nazista sobre as igrejas cristãs. Bonhoeffer acreditava na importância de viver de acordo com os princípios da Palavra de Deus, mesmo em tempos de opressão e injustiça.

Além disso, Bonhoeffer escreveu extensivamente sobre ética cristã e resistência ao mal, defendendo que a fé verdadeira exige ação prática e coragem moral. Suas obras, como "Ética" e "Discipulado", continuam sendo referências nesses temas.

Bonhoeffer foi preso em 1943 e executado em 1945, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Sua vida e legado permanecem como um testemunho de coragem, fé e compromisso com a justiça.

Teologia luterana

Bonhoeffer nasceu na cidade alemã de Breslau, em 1906, em um ambiente intelectual e cristão, sendo influenciado pela teologia luterana.

Aos 25 anos, foi consagrado pastor, ordenado pela Igreja Evangélica Luterana da Alemanha, em uma cerimônia que ocorreu na Igreja de São Pedro e São Paulo, em Berlim. A cerimônia de ordenação foi um marco importante em sua trajetória ministerial, e ele logo começou a trabalhar em diversas igrejas e instituições teológicas.

A ordenação de Bonhoeffer aconteceu em um momento crucial para a Alemanha, quando o regime nazista estava ganhando força.

Pastor luterano Dietrich Bonhoeffer com candidatos à confirmação em 21 de março de 1932, em Friedrichsbrunn, Alemanha, (Foto: Wikimedia Commons/Bundesarchiv, Bild).

Na década de 1930, com a ascensão do Partido Nazista, Bonhoeffer começou a perceber as ameaças que o regime de Adolf Hitler representava não apenas para a sociedade alemã, mas também para a integridade da Igreja cristã.

Rapidamente, ele se destacou por sua firme oposição à ideologia do regime e sua postura teológica crítica em relação ao alinhamento da Igreja com o governo de Hitler.

Em 1933, ainda antes de a guerra se alastrar pela Europa, ele publicou um artigo crítico sobre o que chamava de "Führerprinzip", a ideia de um líder absoluto que o nazismo queria impor, e denunciou a tentativa de subordinar a fé cristã ao regime totalitário.

A obra mais famosa de Bonhoeffer, “O Custo do Discipulado", foi publicada em 1937 e tornou-se um dos maiores manifestos teológicos da resistência cristã contra o nazismo.

Nela, Bonhoeffer explica que o verdadeiro discipulado envolve não apenas a fé, mas também uma ação comprometida com a justiça, o que exige sacrifício. Sua crítica ao "barato" Evangelho do conformismo, que não exigia compromisso nem transformação, se tornou um princípio fundamental de seu ministério e de sua resistência ao regime opressor.

Prisão e a execução

Em 1943, ele foi preso pelas autoridades nazistas, em parte devido à sua associação com o movimento de resistência e ao seu papel na conspiração para matar Hitler.

Ele foi preso em vários locais durante sua resistência ao regime nazista. Inicialmente, o pastor foi detido na prisão de Tegel, em Berlim, onde permaneceu por cerca de dois anos. Posteriormente, foi transferido para o campo de concentração de Buchenwald e, finalmente, para o campo de concentração de Flossenbürg, na Baviera, onde foi executado.

Durante os anos de prisão, Bonhoeffer escreveu cartas e reflexões que ficaram conhecidas mais tarde como "Cartas e Papéis do Prisioneiro", nas quais ele refletiu sobre a teologia do sofrimento, a fidelidade a Cristo em tempos de perseguição e o papel da Igreja em tempos de crise.

O pastor foi executado pouco antes do fim da guerra. Sua morte foi um sacrifício final de um homem que viveu de acordo com suas convicções, colocando sua fé em ação até o último momento.

A vida de Bonhoeffer é um legado sobre coragem e disposição para enfrentar o mal, independentemente do custo. Seu ministério, sua resistência e sua morte são testemunhos de uma fé que vai além das fronteiras do conforto e da segurança, buscando a verdade e a justiça até o fim.

A vida de Dietrich Bonhoeffer inspirou diversos filmes e documentários, como Bonhoeffer: Pastor, Mártir, Profeta, Espião, que narra a história da sua vida e legado.

Um filme recente é A Redenção: A História Real de Bonhoeffer, produzido pela Crow’s Nest Productions e Angel Studios, lançado em 2024, que retrata sua resistência ao regime nazista e seus dilemas morais.

Assista ao trailer:

veja também