Ataques à Igreja na Nicarágua crescem sob governo de esquerda de Daniel Ortega

No poder há 15 anos, o presidente nicaraguense tem sido abertamente hostil à Igreja Católica no país.

fonte: Guiame, com informações da Catholic News Agency e AP

Atualizado: Terça-feira, 16 Agosto de 2022 as 10:35

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. (Foto: Wikipedia/CC))
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. (Foto: Wikipedia/CC))

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, ordenou vários atos de repressão contra a Igreja Católica desde o início de agosto, com fechamento de sete estações de rádio, proibições de clérigos de saírem de suas comunidades, expulsão de freiras e investigação sobre o monsenhor Rolando Álvarez, acusado de incitar “atos violentos”.

A Nicarágua aparece na Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas de 2022, ocupando o 61º lugar, como país que persegue o cristianismo e aumento de hostilidade contra cristãos.

No fim de semana, o regime de esquerda de Ortega também proibiu um grande evento católico ao ar livre, que acabou sendo limitado ao átrio da catedral, mesmo com milhares de participantes.

A perseguição religiosa na Nicaraguá está se intensificando, apesar de 80% da população se declarar católica.

Segundo informa a Catholic News Agency, que no domingo (14), os padres padre Erick Diaz e Fernando Calero foram impedidos pela polícia de sair para a catedral de Manágua.

Uma caminhonete em que Calero viajava foi parada e revistada pela polícia, que confiscou os documentos de registro e seguro do veículo, bem como a carteira de motorista.

No mesmo dia, o padre Oscar Benevidez, da cidade de Mulukukú, foi preso arbitrariamente, dia a CNA. Em um post no Facebook, a Diocese de Siuna disse que a “única missão de Benevidez é e tem sido anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, que é a palavra de vida e salvação para todos”.

Intimidações e acusações

Desde 4 de agosto, o regime não permite que o bispo de Matagalpa deixe a chancelaria, com policiais vigiando a porta e ao redor do local. O prelado permanece no interior com outras 10 pessoas, entre padres, seminaristas e leigos, informa a CNA.

Em um comunicado de imprensa publicado em 5 de agosto, a polícia nacional da Nicarágua acusou líderes da Igreja Católica em Matagalpa – e em particular Álvarez – de “usar os meios de comunicação e as mídias sociais” para tentar “organizar grupos violentos, incitando-os realizar atos de ódio contra a população, criando um clima de ansiedade e desordem, perturbando a paz e a harmonia da comunidade”.

Tais ações têm o “objetivo de desestabilizar o Estado da Nicarágua e atacar as autoridades constitucionais”, continuou o comunicado de imprensa.

A CNA informa que a polícia do regime de Ortega anunciou que já iniciou uma investigação “para apurar a responsabilidade criminal dos envolvidos”.

A declaração acrescenta que “as pessoas sob investigação devem permanecer em suas casas”.

Hostilidades

No poder há 15 anos, Ortega tem sido abertamente hostil à Igreja Católica no país. Ele alegou que os bispos fizeram parte de uma tentativa de golpe para expulsá-lo do cargo em 2018 porque apoiaram manifestações antigovernamentais que seu regime reprimiu brutalmente. O presidente da Nicarágua chamou os bispos de “terroristas” e “demônios de batina”.

Daniel Ortega, de 76 anos, é um ex-guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional, de esquerda, que ajudou a derrubar o ditador Anastasio Somoza em 1979 e foi presidente pela primeira vez de 1985 até deixar o cargo em 1990, após ser destituído.

Sob Ortega, a Nicarágua cultivou fortes laços com os aliados Venezuela e Cuba, este frequentemente acusado de perseguir e prender pastores.

De acordo com a AP News, esta não é a primeira vez que o presidente se move agressivamente para silenciar os críticos de seu governo.

Em 2018, o governo invadiu a sede do jornal Confidencial, liderado pelo jornalista Carlos Fernando Chamorro, considerado um dos críticos mais destacados de Ortega. Ao longo de 2021, as autoridades prenderam sete potenciais candidatos presidenciais para as eleições de novembro daquele ano.

Um relatório intitulado “Nicarágua: Uma Igreja Perseguida? (2018–2022)”, compilado pela advogada Martha Patricia Molina Montenegro, membro do Observatório Pró-Transparência e Anticorrupção, destaca que em menos de quatro anos, a Igreja Católica na Nicarágua foi alvo de 190 ataques e profanações, incluindo um incêndio na Catedral de Manágua, perseguição policial e perseguição a bispos e padres.

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