
O ataque de dois atiradores muçulmanos a um concurso de caricaturas do profeta Maomé no domingo (3) no Texas não pode ser comparado ao atentado em janeiro contra o "Charlie Hebdo" em Paris, afirmaram dois colaboradores do jornal satírico francês.
"No Texas há um movimento anti-islamismo e o problema do 'Charlie Hebdo' não é esse. Tratava-se de criticar todos os tipos de religião, sem mencionar pessoas específicas. Realmente, não tem nada a ver", disse Jean-Baptiste Thoret, crítico de cinema da publicação francesa.
Gérard Biard, editor-chefe do "Charlie Hebdo", afirmou que o jornal busca combater o racismo. "Nós não organizamos concursos. Somente fazemos nosso trabalho. Nós comentamos as notícias. Quando Maomé marca o noticiário, desenhamos Maomé, senão não o fazemos. Combatemos o racismo e não temos nada a ver com essas pessoas", disse fazendo referência aos organizadores do concurso anti-islã no Texas.
O atentado contra a sede da Charlie Hebdo deixou 12 mortos, em 7 de janeiro. Os responsáveis pelos ataques foram mortos pela polícia.
Ataque em Dallas
O evento de domingo em Dallas, no Texas, foi organizado pela Iniciativa Americana pela Defesa da Liberdade (AFDI na sigla em inglês), uma entidade considerada anti-islamita. Se tratava de um concurso que oferecia um prêmio de 10 mil dólares (cerca de R$ 31 mil) para a melhor caricatura sobre Maomé.
Depois de atirarem em um guarda do local, dois homens armados foram mortos.
Nesta terça (5), o Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque. "Dizemos à América que o que está sendo preparando será mais importante e mais amargo", ameaçou um porta-voz do EI em uma mensagem de rádio.