
Em 2024, o número de mulheres que realizaram abortos na Irlanda subiu expressivamente, alcançando 10.852 procedimentos, o maior índice desde a mudança na legislação em 2018, que passou a permitir o aborto sob demanda até a 12ª semana de gestação.
Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, uma em cada seis gestações na Irlanda termina em aborto.
Isso representa um crescimento de quase 9% em comparação com 2023 e de 62,8% em relação a 2019, primeiro ano sob a nova legislação. O número real pode ser ainda maior, já que nem todos os dados hospitalares foram disponibilizados até o momento.
O relatório também revela que 98,7% dos abortos realizados em 2024 não tiveram como motivação riscos à saúde ou à vida da mãe, nem foram decorrentes de condições fatais que comprometeriam a sobrevivência do feto.
Além disso, janeiro registrou o maior número de procedimentos em 2024, com 1.056 casos, enquanto fevereiro apresentou o menor índice, totalizando 820.
Segundo o Conselho Nacional das Mulheres, cerca de 240 mulheres viajam da Irlanda para o Reino Unido todos os anos para ter acesso a cuidados de aborto.
Reação pró-vida
Para Eilís Mulroy, porta-voz do grupo pró-vida irlandês Pro Life Campaign (PLC), os números divulgados são “verdadeiramente assustadores”, informou o Christian Institute.
“Não há qualquer sinal de disposição por parte do Governo em abordar sinceramente o que está acontecendo ou mesmo em dialogar com as pessoas que pedem medidas razoáveis para tentar reduzir o número crescente de abortos. Isso precisa mudar urgentemente”, enfatizou.
O diretor do Instituto Cristão, Ciarán Kelly, destacou que “toda vida humana é feita à imagem de Deus e preciosa aos seus olhos, incluindo os nascituros. A morte de quase 11.000 deles é nada menos que uma tragédia”.
Inglaterra e País de Gales descriminalizam o aborto
Os dados da Irlanda foram divulgados uma semana após a decisão da Inglaterra e do País de Gales de descriminalizar o aborto em qualquer estágio da gestação, inclusive até o momento do nascimento.
Atualmente, o aborto é permitido até a 24ª semana de gestação. Após esse período, a interrupção pode ocorrer em circunstâncias específicas, como quando há risco à vida da mulher.
“Isso não é cuidado com a saúde, é abandono”, disse Dawn McAvoy, líder do movimento pró-vida e pró-mulher Both Lives UK, vinculado à Aliança Evangélica do Reino Unido (EAUK).