O Dr. Vivek H. Murthy, que já serviu como 19º e 21º Cirurgião Geral dos EUA, portanto respeitado por ter sido autoridade máxima em saúde pública no país, disse através de um comunicado de 82 páginas que a solidão causou uma crise inesperada de saúde pública entre os americanos.
Murthy aponta para a falta de conexão social como responsável pelos níveis epidêmicos de solidão e isolamento.
“Nossa epidemia de solidão e isolamento tem sido uma crise de saúde pública subestimada que prejudicou a saúde individual e social”, disse em comunicado à imprensa do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.
“Nossos relacionamentos são uma fonte de cura e bem-estar que pode nos ajudar a viver vidas mais saudáveis, mais realizadas e mais produtivas”, continuou ao enfatizar que as tendências em relação à solidão foram evidenciadas antes mesmo da pandemia por Covid-19.
‘Pessoas conectadas vivem mais’
O médico explica que, nos últimos anos, cerca de 1 em cada 2 adultos na América relatou sentir solidão. Ele citou pesquisas que evidenciam que cientificamente “pessoas socialmente conectadas vivem mais”.
Os efeitos do isolamento social na mortalidade podem ser comparáveis a outros fatores de risco, como tabagismo, consumo de álcool ou falta de atividade física.
“Dadas as consequências significativas da solidão e do isolamento para a saúde, devemos priorizar a construção de conexões sociais da mesma forma que priorizamos outras questões críticas de saúde pública, como tabaco, obesidade e transtornos por uso de substâncias. Juntos, podemos construir um país mais saudável, mais resiliente, menos solitário e mais conectado”, continuou Murthy.
‘Nunca estamos sozinhos, temos o Espírito Santo’
Ao tomar conhecimento do alerta do médico, o pastor Brandon Bales, que faz parte da Convenção dos Batistas do Sul no Texas, como associado do ministério estudantil, disse que não ficou surpreso.
Bales serviu mais de 20 anos no ministério de jovens em várias igrejas e disse que a notícia já era esperada, principalmente quando se trata da juventude.
“Quanto mais as famílias estão se afastando da igreja, mais se vê a solidão entre os adolescentes. Além disso, à medida que o núcleo familiar está cada vez menos unido, aumenta a solidão dos adolescentes dessa família”, disse ao explicar que quanto mais estão nas redes sociais, mais aumenta a solidão.
Ele disse que seu desejo de pregar a adolescentes e jovens solitários vem de sua própria experiência: “Comecei o ministério estudantil quando tinha 17 anos e estava no Ensino Médio. Eu tinha que lidar com a minha própria solidão”.
“Mas eu aprendi que nunca estamos sozinhos, pois temos o Espírito Santo que nos aponta para a cruz e para o poder de Cristo através de sua obra”, continuou.
‘Pastores precisam agir’
Para Bales, será necessário que ministros de jovens, pais, líderes da igreja e pastores comecem a agir: “Cooperem entre si para reconhecer e lutar contra a epidemia de solidão entre os jovens”.
“A igreja local como um todo precisa lutar pela família nuclear e encorajá-la. Os pastores precisam sair de seu ministério local para ter uma rede regional ou nacional”, concluiu ao enfatizar que a Igreja precisa se espalhar e ser mais intencional.