MP arquiva pedido contra Baby do Brasil por fala em culto: ‘Usou sua liberdade religiosa’

O Ministério Público de São Paulo decidiu que “a conduta apontada pela noticiante não configura ilícito”.

fonte: Guiame, com informações de CNN Brasil

Atualizado: Sexta-feira, 21 Março de 2025 as 12:19

Baby do Brasil. (Foto ReproduçãoWikimedia Commons25º Prêmio da Música Brasileira)
Baby do Brasil. (Foto ReproduçãoWikimedia Commons25º Prêmio da Música Brasileira)

Na última quarta-feira (19), o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) decidiu arquivar o pedido da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) contra Baby do Brasil por seu discurso sobre perdão em um culto.

Após as falas da cantora sobre perdão em um culto realizado na boate D-Edge, localizada em Barra Funda, a deputada pediu a abertura de uma investigação por suposta “violação a direitos difusos e coletivos”.

Na ocasião, enquanto fazia uma oração, Baby declarou: "Perdoa tudo o que tiver no seu coração nesse lugar, perdoa. Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi na família, perdoa. Se é briga de família, mãe, filho, pai, perdoa".

A declaração foi alvo de críticas nas redes sociais, onde internautas acusaram a cantora de incentivar o silêncio das vítimas e a impunidade dos abusadores.

Em documento enviado ao Ministério Público no dia 12 de março, Sâmia afirmou: “Tal discurso, proferido em ambiente público e amplamente divulgado nas redes sociais, a nosso rigor, ultrapassa os limites da liberdade religiosa e de expressão, uma vez que não se restringe à orientação espiritual individual, mas incita conduta que pode resultar na impunidade de crimes graves, favorecendo abusadores e desconsiderando o impacto psicológico e físico das violências sofridas pelas vítimas”.

Depois disso, a deputada pediu ao MP que investigasse Baby e a D-Edge "por omissão" no evento intitulado "Frequência de Deus", criado pelo DJ e proprietário da boate, Renato Ratier.

Na decisão do Ministério da última quarta-feira (19), o 2º Promotor de Justiça de Direitos Humanos, Marcelo Otávio Camargo Ramos, destacou que “a conduta apontada pela noticiante não configura ilícito”.

E continuou: “A cantora apontada na notícia do fato fez uso de sua liberdade religiosa e liberdade de expressão, sendo vedado ao Poder Público imiscuir-se no mérito da fala, julgando sua adequação, pertinência ou oportunidade”.

“A repercussão negativa da fala da artista representada, por si só, é desdobramento natural da liberdade de expressão, cabendo aos próprios ouvintes de tal fala exercerem seu juízo crítico sobre as mensagens veiculadas”, concluiu o promotor.

‘O perdão que está nas Escrituras’

Depois da repercussão do caso, a cantora e pastora publicou um vídeo nas redes sociais, alegando que foi mal interpretada durante o evento: "Jamais defenderia abusadores", disse ela.

“Eu estou falando do perdão que liberta, do perdão que está nas Escrituras Sagradas, o perdão bíblico. Eu não estou falando do perdão que abre mão da justiça, que não inocenta ninguém do seu erro, nem da impunidade, nem isenta de justiça qualquer tipo de crime. É claro que eu jamais defenderia abusadores de qualquer espécie, pois eu sou contra qualquer tipo de abuso", declarou ela.

E continuou: "Agora, todos podem comprovar pela minha própria boca, sobre o que eu disse em um culto, a respeito do perdão espiritual e profundo, que nos liberta dos gatilhos emocionais e traumas, que carregamos por consequência dos mesmos. Culto esse aberto para todas as pessoas que foram buscar o amor de Deus".

No vídeo Baby, cita a passagem de Mateus 5, onde Jesus exorta o povo a amar também os seus inimigos.

“Entrego nas mãos de Deus todas as acusações e todos os cortes de vídeos, falas e etc, descontextualizados, que possam confundir ou causar interpretações equivocadas ou distorcidas”, destacou Baby.

E concluiu dizendo: “E a todos, que não haviam entendido a minha fala, e me atacaram, sinceramente, estão perdoados em nome de Jesus”.

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