Desde que Israel assinou o Acordo de Abraão — como ficou conhecido um tratado de paz com várias nações árabes — muitas coisas aconteceram.
E na última segunda-feira (28), houve uma reunião diplomática entre os ministros das Relações Exteriores de Israel, Estados Unidos e quatro governos árabes, para falar sobre assuntos em comum.
O encontro aconteceu no deserto de Negev, sul de Israel, na cidade de Sde Boker, onde os líderes se comprometeram a ampliar a cooperação econômica diplomática entre si.
Compareceram o chanceler israelense, Yair Lapid, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, os chanceleres do Bahrein, Egito, Marrocos e Emirados Árabes Unidos.
Real objetivo do Acordo de Abraão
Muito do que une esses países é uma posição comum sobre o Irã, especialmente porque as negociações para reviver o acordo nuclear iraniano de 2015 atingem um estágio avançado.
A reunião foi uma oportunidade para os ministros das Relações Exteriores expressarem sua decepção com o que veem como um acordo fraco. Para eles, o acordo nuclear só reforçará ainda mais o que eles apontam como “atividades desestabilizadoras do Teerã na região”. Entre elas, citam o apoio às organizações militantes do Líbano ao Iêmen.
“Esses interesses compartilhados giram em torno de combater o Irã e lidar com o vácuo que os EUA estão deixando para trás”, explicou Ezzedine Fishere, professor do Dartmouth College e ex-diplomata egípcio em Tel Aviv.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, disse na reunião que a “nova arquitetura regional” com os países árabes “intimida e dissuade o Irã e seus representantes”.
Ele explicou que os Emirados Árabes Unidos têm feito questão de apresentar seus alinhamentos regionais em um contexto mais amplo, como parte de uma “ordem mundial” em mudança que não é mais unipolar.
“Nossa intenção é encontrar uma maneira de trabalhar funcionalmente com o Irã”, disse Gargash, que é assessor diplomático do presidente dos Emirados Árabes Unidos, ao se referir à necessidade de uma agenda estável.
Palestina não participou da reunião
A não participação dos palestinos fez lembrar uma série de ataques em Israel, neste mês, mostrando que o conflito entre as duas partes está cada vez mais violento e longe de ter um fim.
Cinco pessoas foram mortas em um tiroteio perto de Tel Aviv, na terça-feira, segundo a polícia israelense, marcando o terceiro ataque desse tipo em Israel em uma semana.
Diante do aumento de atos terroristas em solo israelense, o primeiro-ministro Naftali Bennett diz que o país vai combater o terrorismo “com mão de ferro”.
A ausência dos palestinos “é uma vitória importante para Israel”, disse Hasan Alhasan, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos do Bahrein. “Isso permite que ele apresente suas relações com o mundo árabe como livres do conflito israelo-palestino”, continuou.
Pontos discutidos na reunião
Dentre os temas tratados, estão as ameaças de segurança pelo acordo nuclear do Irã, a diminuição da presença dos Estados Unidos na região e um compromisso sobre a criação de um estado da Palestina.
Embora os Estados Unidos tenham ajudado Israel a intermediar os acordos de paz com Bahrein, Marrocos e Emirados Árabes Unidos, em 2020, a cúpula foi uma indicação de que Israel agora pode agir como um canal público entre Washington e alguns países árabes, conforme o Estadão.
Segundo o ministro das Relações Exteriores de Israel e anfitrião da reunião, Yair Lapid, a cúpula “intimida e dissuade” o Irã, que ameaça produzir armamento nuclear.
O país discute novamente com os Estados Unidos um acordo que o impeça de fabricar armas nucleares, em troca do fim de sanções econômicas.
Israel vê com maus olhos um possível acordo com o país persa, seu inimigo número um, porque teme que o Irã aproveite a situação para fabricar armamento nuclear. Emirados Árabes Unidos e Bahrein compartilham a mesma preocupação sobre as atividades iranianas na região.
Outras discussões abordaram a segurança alimentar, uma preocupação agravada pela invasão da Ucrânia pela Rússia porque ambos os países são grandes fornecedores de grãos para o Egito e outras partes do Oriente Médio, bem como para o resto do mundo.