Um pastor latino afirmou que as igrejas estão apreensivas quanto a possíveis deportações em massa durante os cultos, com a intensificação dos pedidos de deportação feito pelo governo Trump à imigração ilegal.
"Somos chamados como pastores para servir todas as comunidades", disse o reverendo Dr. Gabriel Salguero ao Fox News Digital. "Portanto, não perguntamos, como pastores, se as pessoas são imigrantes e qual é o seu status. Não temos essa capacidade, e não somos oficiais do Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE). Não somos policiais. Mas estamos profundamente preocupados com a forma como essas políticas afetarão as crianças em nossas escolas dominicais e as famílias que participam de nossos cultos."
Salguero é pastor do The Gathering Place em Orlando, na Flórida, e presidente da National Latino Evangelical Coalition (NaLEC), que representa milhares de igrejas evangélicas latinas e líderes religiosos em todo o país.
Desde que reassumiu a presidência, Donald Trump tem implementado rapidamente sua promessa de campanha de combater a imigração ilegal e deportar migrantes criminosos violentos, emitindo diversas ordens executivas destinadas a reformular as leis e políticas de imigração dos EUA.
Milhares desses indivíduos foram detidos pelo ICE, de acordo com a Casa Branca, com 962 prisões de imigrantes ilegais registradas somente na quarta-feira (04).
Fiscalização em igrejas
Trump autorizou o Departamento de Segurança Interna (DHS) a revogar as diretrizes que restringiam a fiscalização do ICE e da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) em locais "sensíveis", como escolas, igrejas e hospitais.
"Criminosos não poderão mais se esconder nas escolas e igrejas da América para evitar a prisão", afirmou o Departamento de Segurança Interna (DHS) em um comunicado de 21 de janeiro anunciando as mudanças.
"A Administração Trump não amarrará as mãos de nossas corajosas forças de segurança e, em vez disso, confia nelas para usar o bom senso."
Liberdade religiosa
A NaLEC, liderada por Salguero, criticou as mudanças políticas, descrevendo-as como "prejudiciais" e um ataque à liberdade religiosa.
Embora a coalizão apoie as ações de Trump para deportar criminosos violentos, ela também expressa preocupações sobre outros imigrantes se tornarem alvos.
"Queremos garantir que, nesse tipo de fiscalização, não haja um calafrio na espinha das igrejas e comunidades evangélicas latinas para aquelas pessoas que não são criminosos violentos, mas que estão começando pequenos negócios, que estão indo para a escola", disse Salguero ao Fox News Digital.
"Estamos buscando uma abordagem sensata que trate dos criminosos violentos, garanta a segurança da fronteira, mas encontre uma maneira de integrar a maioria dos imigrantes que estão tentando contribuir positivamente para este país", continuou.
Medo de ir à igreja
De acordo com Salguero, os temores em relação às políticas de imigração de Trump resultaram em uma diminuição na frequência e participação nas igrejas.
"Eles disseram: 'Não podemos ir à igreja. Não nos sentimos seguros. Não sabemos como isso vai funcionar'", disse ele ao Fox News Digital sobre comentários que ouviu.
O líder religioso reconheceu que o ICE e outros oficiais de imigração têm o direito de entrar em espaços de culto para cumprir a lei e devem ser tratados com respeito. Seu grupo está treinando porta-vozes em cada igreja para responder calmamente caso oficiais de imigração a visitem. Eles também fornecem aos paroquianos informações sobre seus direitos.
Ele acredita que os pastores latinos têm a responsabilidade de obedecer às leis do país e cumprir seu compromisso bíblico de servir a todas as pessoas.
"Para nós, isso não é uma questão partidária. É uma questão pastoral. Cristo nos chamou para caminhar ao lado dessas famílias, para amá-las", afirmou ele.
Salguero é um independente registrado, mas ressaltou que os evangélicos latinos não são um "monólito" e possuem diversas opiniões sobre os planos de imigração de Trump.
Ele afirmou que a NaLEC tem passado as últimas duas décadas pedindo ao Congresso por uma "reforma bipartidária sensata na imigração".
Em um comunicado à imprensa, a NaLEC pediu à administração Trump que "reconsidere essas políticas prejudiciais, enquanto continua a trabalhar com o Congresso em prol de uma reforma abrangente da imigração, fundamentada na justiça, compaixão e respeito pela dignidade de todas as pessoas, independentemente de seu status migratório".
Na coletiva de imprensa de sexta-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, defendeu a repressão do governo à imigração ilegal.
Ela citou uma pesquisa do New York Times, que revelou que 83% dos americanos apoiam a deportação de imigrantes ilegais criminosos violentos. Além disso, segundo o ICE, 97% das deportações realizadas pelo governo Trump até agora tinham ordens de deportação do governo anterior.