Talibã proíbe janelas com vista para áreas usadas por mulheres no Afeganistão

O grupo islâmico alegou que ver mulheres trabalhando em cozinhas, pátios ou coletando água de poços pode levar a atos obscenos.

fonte: Guiame, com informações de G1

Atualizado: Sexta-feira, 3 Janeiro de 2025 as 1:48

Imagem ilustrativa. (Foto: Unsplash/Mostafa Meraji).
Imagem ilustrativa. (Foto: Unsplash/Mostafa Meraji).

O Talibã continua retirando os direitos das mulheres no Afeganistão. No final de 2024, o líder do Emirado Islâmico do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, assinou mais um decreto de restrição às afegãs.

A nova lei proíbe a construção de janelas em prédios residenciais com vista para áreas usadas por mulheres, como pátios e cozinhas. As janelas já existentes devem ser bloqueadas ou vedadas nas residências.

"Ver mulheres trabalhando em cozinhas, em pátios ou coletando água de poços pode levar a atos obscenos", alegou o porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, em publicação no X.

O Talibã também decretou que organizações não-governamentais (ONGs) que empregarem mulheres afegãs serão proibidas de funcionar no país.

Quando o Talibã tomou o governo em agosto de 2021, prometeu manter leis mais moderadas, incluindo os direitos das mulheres. 

Porém, o grupo logo impôs a lei islâmica, impondo o uso obrigatório da burca, restringindo a educação às meninas e proibindo mulheres de trabalhar.

As punições públicas severas foram rapidamente retomadas, bem como as execuções e flagelações, semelhantes às do seu governo anterior, no fim da década de 1990.

O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, condenou o decreto que fecha ONGs que empregarem mulheres.

"Nenhum país pode progredir — política, econômica ou socialmente — enquanto exclui metade de sua população da vida pública", criticou ele.

‘Mulheres vivem numa prisão cada vez menor’

Tala, uma antiga funcionária pública, disse em entrevista ao The Telegraph que o dinheiro que os talibãs recebem em forma de “ajuda humanitária” da comunidade internacional serve para alimentar a fúria dos terroristas contra as mulheres. 

“Como mulher, não me sinto segura ou protegida no Afeganistão. Cada manhã começa com uma enxurrada de avisos e ordens que impõem restrições e regras rigorosas às mulheres, privando até as menores alegrias e extinguindo a esperança de um futuro melhor”, desabafou. 

“Nós, as mulheres, estamos vivendo na prisão e essa prisão fica cada vez menor, a cada dia que passa”, concluiu.

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