O técnico da Seleção Feminina de Basquete, José Neto, se demitiu na quinta-feira (27), após o preparador físico Diego Falcão ter sido ser dispensado por seu posicionamento contra o aborto.
José anunciou sua saída nas redes sociais, mencionando os princípios de sua fé e a demissão de seu colega Diego como razões para a decisão.
“Diante dos últimos acontecimentos envolvendo o preparador físico da Seleção Brasileira feminina de basquetebol Diego Falcão, profissional com quem trabalho há 17 anos e sempre escolhi para estar comigo nos últimos clubes e seleções em que fui o treinador; também seguindo os princípios e valores da minha fé, da qual devo tudo o que sou e tenho, quero comunicar que hoje deixo meu cargo de treinador da Seleção Brasileira Feminina de Basquete", escreveu José.
O técnico ainda agradeceu ao presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), à comissão técnica e aos atletas, que fizeram parte da realização de seu sonho.
“Confiaram em meu trabalho durante os últimos 6 anos em que estive como treinador da Seleção Brasileira Feminina de Basquete”, disse ele.
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Nos comentários da publicação, José recebeu apoio de muitas pessoas, incluindo líderes cristãos. “Parabéns pela decisão e pela hombridade”, escreveu o pastor Renato Vargens.
O pastor Pedro Pamplona também elogiou o posicionamento do técnico: “Parabéns pela coragem, que Deus esteja contigo!”.
Demissão por intolerância religiosa
Na última semana, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) demitiu o preparador físico da seleção feminina após ele publicar posts contra o aborto nas redes sociais.
Segundo a Folha de S.Paulo, Diego Falcão fazia parte da comissão técnica e se declarou a favor do “PL Antiaborto” nos últimos dias.
Em postagem, Diego, que é cristão católico, afirmou que "qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar qualquer violência para conseguir o que deseja".
A decisão da CBB aconteceu após um pedido das jogadoras, que ficaram incomodadas com o pocisionamento pró-vida do preparador.
As atletas, incluindo Clarrisa dos Santos e Damiris, criticaram Falcão nas redes sociais após suas postagens.
"Inaceitável que um profissional, que trabalha com o feminino, demonstre esse tipo de posicionamento nas redes sociais. O estupro é um crime grave”, escreveu Damiris.
Preparador soube da demissão pela imprensa
Na quarta-feira (26), Diego se pronunciou sobre o caso em vídeo no Instagram. Ele agradeceu o apoio que recebeu através de mensagens e contou que soube de sua demissão pela imprensa.
“Soube pela internet, como todos vocês. Eu já posto há muito tempo sobre o aborto e pró-vida, sempre defendi essa causa. Mesmo trabalhando na Confederação, esse tempo todo nunca deu nenhum problema, e porque agora teria algum problema?”, questionou ele.
Logo depois, a notícia foi confirmada pela diretora do Basquete Feminino da CBB, Roseli da Silva, que afirmou que a causa de sua demissão seria o “clima ruim” que Diego criou com as jogadores após suas publicações pró-vida.
“A intolerância religiosa está vencendo o profissionalismo. Eu acho que nem no esporte e nem no Brasil pode ser assim”, comentou Diego.
“Hoje sou eu, amanhã pode ser você”
Ele acrescentou que tanto ele como o técnico José sempre mantiveram uma conduta profissional, não levando suas opiniões para o ambiente de trabalho.
“Nunca houve no nosso trabalho nenhuma divergência política, social ou religiosa. Quando falamos de Seleção Brasileira, a gente coloca o uniforme, pensando em uma coisa só: resultado esportivo”, destacou.
“Sou católico, nunca neguei a Deus para ninguém e nem nego. Eu fico muito preocupado com o lado que o esporte está indo. Hoje sou eu, amanhã pode ser você a ser demitido por uma ‘liberdade de expressão’. Me preocupa porque é uma censura, o Brasil é um país democrático”, criticou o cristão.
E desabafou: “Fica aqui a minha tristeza. Foi quebrado um sonho de ganhar uma medalha olímpica”.
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