O primeiro dia de atividades de Melissa Gurgel com a faixa de Miss Brasil 2014, após vencer o concurso no sábado, 27, foi marcado por um polêmica. Na segunda-feira, 29, a cearense - eleita a mulher mais bonita do Brasil - teve que lidar com comentários preconceituosos que surgiram nas redes sociais, referindo-se ao seu sotaque e à origem nordestina. "Miss Ceará ganhou o Miss Brasil e eu aqui achando que no Ceará só tinha gente feia", escreveu um internauta. Outros foram mais agressivos e escreveram "Miss Ceará: bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível" e "Lembrem de deixar a TV no mudo quando a Miss Ceará for dar a palestra dela no Miss Brasil do ano que vem."
"Meu primeiro dia de atividades como Miss Brasil foi bastante movimentado e, em meio a tanta novidade, eu fiquei sabendo dessas declarações na internet. Sou totalmente livre de preconceitos e lamento muito que as pessoas se limitem a julgar os outros pelo que elas aparentam ser e pelas suas características culturais. O nosso país é tão desenvolvido e acolhedor que é desnecessário ainda acontecerem situações tão retrógradas como o que aconteceu comigo. Amo o meu estado e tenho muito orgulho de ter nascido onde nasci. Me coloco à disposição de todos para que conheçam a Melissa por detrás do sotaque e da beleza. Todos os seres humanos deveriam ser acolhidos dessa forma, pela sua essência. E eu quero mostrar a minha", declarou ela ao EGO.
Melissa também pede respeito à diversidade de cada região brasileira: "O Brasil é um país com tanta diversidade de povos e culturas. Cada região tem a sua peculiaridade, seja no clima, na cultura, no sotaque, na beleza, seja no que for. E nós precisamos saber conviver com todas elas e respeitá-las. Só assim seremos reconhecidos lá fora como uma nação unida, que preza pelos seus."
As ofensas proferidas contra a miss chegaram ao conhecimento do presidente da OAB-CE, Ricardo Bacelar, que se posicionou contra os comentários maldosos. "Soubemos através da imprensa local e a OAB-CE agiu rapidamente para evitar que o povo cearense seja discriminado. Os posts nas redes sociais configuram crime de racismo. Entendemos que as pessoas têm sua liberdade de expressão, mas não podem usar isso para discriminar, nem emitir opiniões depreciativas contra uma pessoa ou um povo. Usaram a Melissa como um símbolo do povo cearense", explicou ele.
De acordo com Bacelar, a OAB-CE ofereceu representação ao Ministério Público Federal, que vai investigar e identificar os autores das ofensas. Caso a denúncia seja comprovada, fica configurado crime de racismo e incitação ao racismo, cuja pena varia de dois a cinco anos de prisão. "É preciso defender a honra do povo cearense. Temos orgulho de nossa procedência", completou.