Iniciamos este artigo ressaltando a importância da relação entre a festa judaica de Pentecostes e a Páscoa Cristã.
Páscoa e Pentecostes na perspectiva judaica
A Páscoa judaica é uma celebração que comemora a libertação do povo judeu da escravidão no Egito (Êxodo 12). O termo hebraico "Pessach" significa "passar por alto", referindo-se à passagem do anjo da morte que poupou os primogênitos das famílias judias que marcaram suas portas com o sangue do cordeiro.
Esta festa foi instituída por Deus a Moisés com o objetivo de ensinar e lembrar da libertação que o Senhor Deus deu ao Seu povo. Segundo Stamps, "assim, de geração em geração, o povo hebreu relembrava a redenção divina e seu livramento do Egito" (STAMPS, 1995, p. 132). No calendário judaico, a festa tem início no mês de Nissan, no dia 14.
A outra festa judaica, importante ser mencionada, é a do Pentecostes, que ocorre cinquenta dias após a Páscoa, e que é uma celebração de agradecimento a Deus pela colheita de trigo. Também conhecida como Festa da Colheita ou Festa das Semanas. As referências bíblicas para a comemoração da Festa do Pentecostes estão em Êxodo 23:14-17; 34:18-23; Levítico 23:15-21 (que detalham as instruções para a contagem dos dias até a festa), e Deuteronômio 16:9-12.
Páscoa e Pentecostes na perspectiva Cristã
A fé cristã acredita que Deus estabeleceu as festas para o povo judeu como meio de ensinar e fortalecer a fé dos israelitas. Mas os propósitos dessas celebrações vão além do contexto judaico. Deus, em sua presidência, já tinha estabelecido um plano perfeito para a vinda do Verbo vivo no seu ministério terreno.
O profeta João Batista anunciou que Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). O apóstolo Paulo explica que Jesus Cristo é nosso Cordeiro Pascoal (1 Coríntios 5:7). Assim, ao instituir a Ceia, que representa o sacrifício de Cristo por nós, a Páscoa Cristã passa a ser centrada em Jesus Cristo.
Cinquenta dias após a Páscoa, ocorre a Festa do Pentecostes. Nesse dia, Deus, na sua soberania, inaugura o surgimento da Igreja Primitiva (Atos 2). A descida do Espírito Santo é o cumprimento da profecia de Joel. As experiências que a Igreja Primitiva teve não ficam restritas àquela época. Elas continuam em nossos dias. Os pentecostais creem e vivem essa experiência.
Segundo Menzies, "o livro de Atos fornece um modelo para a igreja contemporânea e, nesta base, incentiva todos os crentes a experimentar o batismo no Espírito (Atos 2:4)" (MENZIES, 2016, p. 16). Essa experiência, no entanto, só é possível porque Jesus é quem batiza com Espírito Santo. Essa bênção espiritual só é alcançada por meio da morte e ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo.
Que a Páscoa Cristã seja, como sempre, uma oportunidade para exaltar o nosso Senhor Jesus Cristo ressurreto e vivenciar o poder do Espírito Santo em nossas vidas!
Referências Bibliográficas
MENZIES, Robert P. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência da Religião. Cursando Mestrado em Teologia Sistemática Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: As mulheres e seu espaço nas igrejas pentecostais
