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Os sacrifícios de sangue no plano da salvação

O sangue é o elemento por onde corre a vida nos seres viventes.

fonte: Guiame, Getúlio Cidade

Atualizado: Quarta-feira, 23 Julho de 2025 as 2:59

(Foto: FreeBible)
(Foto: FreeBible)

Os sacrifícios de sangue estão por toda a Bíblia e desempenham um papel vital no relacionamento entre o homem e Deus. Sem eles, desde a queda de Adão, teria sido impossível qualquer tipo de comunhão entre os dois até a manifestação do Messias, o segundo Adão, cujo sacrifício perfeito trouxe a reconciliação absoluta e definitiva.

O sangue é o elemento por onde corre a vida nos seres viventes. Não se trata de apenas um fluido orgânico do corpo, mas da própria vida em si. Essa correlação aparece logo no primeiro capítulo da Bíblia hebraica, no primeiro homem. O nome Adão (Adam) é proveniente de adamah (terra), elemento de onde foi criado, e a palavra dam (sangue) aparece claramente em seu nome.

Em Levítico 17:11, aprendemos que “a vida da carne está no sangue”. O sangue de um ser vivente contém a vida em si. Se o sangue for drenado de um corpo, a morte é imediata. Esse é o motivo pelo qual Deus proíbe que se beba sangue (v.12).

A única forma de um homem obter perdão divino era por meio de alguma vítima inocente (animal) derramando o sangue em seu lugar, embora isso não pudesse salvá-lo definitivamente. A redenção pelo sacrifício de sangue era a única forma de reconciliar o homem com Deus, ainda que temporariamente. O autor de Hebreus declara que sem derramamento de sangue não há redenção (Hb. 9:22).

Pecados cometidos por ignorância

Com a entrega da Torá no Sinai, Deus estabeleceu todas as ofertas de sacrifício necessárias para o homem se achegar a Ele. Os capítulos de 1 a 7 do livro de Levítico estabelecem cinco tipos de sacrifício, sendo o derramamento de sangue imperativo para os sacrifícios de expiação de pecados.

Além do caráter temporário, esses sacrifícios de sangue só podiam expiar os pecados cometidos por ignorância, aqueles que se cometia sem estar plenamente ciente de que se estava infringindo algum mandamento. Para pecados deliberados e graves como crimes de assassinato ou amaldiçoar pai e mãe, por exemplo, a penalidade era a morte (Êx. 21). Não havia alternativa de expiação. Por isso, o autor de Hebreus afirma que “é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb. 10:4).

Assim, todos os sacrifícios de sangue pelos quais pessoas eram perdoadas e se aproximavam de Deus eram necessários, porém, de valor limitado e apontavam para outro sacrifício, incomensuravelmente superior, capaz de expiar os pecados não apenas cometidos por ignorância, mas os praticados voluntariamente, além de ter validade eterna (Hb. 9:11-28). Esse sacrifício substitui os demais em temporariedade e alcance. Por isso, sacrifícios de sangue contidos na Torá cessaram de uma vez por todas e não são mais necessários.

No supremo sacrifício de Yeshua, estabelece-se uma nova aliança, dessa vez selada com seu próprio sangue, o “precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1Pe 1:19). Não possuir defeitos era condição para que um cordeiro pudesse ser oferecido nos sacrifícios diários do Tabernáculo e do Templo (Nm. 28:3,11).

O supremo sacrifício de sangue

O envio do Filho de Deus à Terra é parte de um plano muito antigo do Pai para salvar a humanidade, talvez o maior mistério do universo por toda a eternidade. Uma vez realizado, o sacrifício do Messias é capaz de expiar todos os pecados cometidos por todos os homens de todas as eras. Yeshua afirmou que Ele é “a vida” (Jo. 14:6). E é justamente por isso que seu sangue é o único que deve ser bebido, pois, por seu intermédio, alcança-se a vida plena.

Apocalipse 13:8 diz que Yeshua é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Deus em sua onisciência sabia que Adão — feito da terra e cuja matéria-prima vital era o sangue — pecaria e precisaria de outro sangue. Este teria de ser puro e incorruptível, de uma vítima inocente para ser sacrificada em seu lugar, a fim de fazer expiação por sua vida. Portanto, antes mesmo da criação do universo, Ele provera esse sacrifício capaz de redimir Adão e toda a raça humana.

Sem esse sacrifício supremo, a vida em seu sentido mais amplo e eterno seria impossível para o homem, uma vez que tal vida reside exclusivamente no sangue do Filho de Deus. Foi essa percepção momentânea e transbordante de profunda revelação que tomou por inteiro o ser de João Batista, ao ver Yeshua vindo em sua direção para ser batizado. E o levou a exclamar: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). 

Para saber mais, acesse https://www.aoliveiranatural.com.br/2021/11/11/a-redencao-pelo-sacrificio-de-sangue/

 

Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor de A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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