Impedidos de fazer culto na UFRGS, jovens cristãos pregam na rua e levam vidas a Jesus

Mesmo sendo expulsos por duas vezes, os participantes do “Aviva Universitário” louvaram a Deus e pregaram o Evangelho em frente à universidade.

fonte: Guiame, Cássia Kieffer

Atualizado: Quarta-feira, 13 Agosto de 2025 as 12:20

Uma multidão participou do Aviva Universitário em frente a UFRGS. (Foto: Guiame).
Uma multidão participou do Aviva Universitário em frente a UFRGS. (Foto: Guiame).

Na noite de terça-feira (12), nem o frio nem as proibições impediram um grupo de jovens cristãos de anunciar o Evangelho e levar vidas a Jesus na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.

O “Aviva Universitário”, uma missão que tem feito cultos dentro de universidades do Brasil, liderada pelo evangelista Lucas Teodoro, planejou realizar um evento evangelístico na UFRGS, porém foram impedidos pela reitoria.

Falando ao Guiame, que esteve presente no encontro, Lucas relatou que a missão enviou dois documentos formais para a universidade, pedindo para usar um anfiteatro dentro do Campus do Vale. Mesmo sendo um local público, a reitoria não autorizou e não justificou o motivo da recusa. 

Lucas tentou entrar em contato novamente com a UFRGS, mas não foi respondido. Na segunda-feira (11), ele e Bruno Fransozo, líder do grupo de estudantes cristãos da UFRGS REDE, foram ao anfiteatro orar pelo local que hospedaria o culto.

Logo após chegarem, eles foram cercados por vários seguranças da universidade, que informaram que eles não podiam estar ali. Bruno se identificou como aluno da UFRGS e mostrou seu cartão universitário, que foi fotografado por um dos guardas.

Expulsos

Na terça-feira (12), a uma hora de iniciar o encontro, a equipe do Aviva foi barrada novamente e impedida de usar o local público dentro da universidade.

Então, os cristãos foram para um canteiro na entrada da universidade. Muitos participantes já haviam chegado e a equipe estava montando o som, quando os seguranças vieram de dentro da UFRGS e abordaram os líderes da missão de forma ríspida.

Lucas Teodoro foi puxado pelo braço por um dos seguranças para conversar em um canto. “Ele disse: ‘Esse culto não vai acontecer aqui, vocês têm que sair, não estou nem aí’”, contou o evangelista, ao Guiame.

Expulsos por duas vezes da universidade, o grupo de jovens cristãos saiu do local, atravessou a rua e se reuniu em uma rótula, em frente à UFRGS. 

Os impedimentos não desanimaram os cerca de 500 participantes. Estudantes da UFRGS e de outras universidades louvaram a Deus em uma só voz e levantaram um altar de adoração.

“Fomos expulsos da universidade, fomos expulsos da porta da universidade, mas viemos para o meio da rua para declarar que o inferno já perdeu, que existe um Cristo vivo. Nós já vencemos há 2 mil anos atrás. Eu creio que, hoje lá dentro está rolando festas, mas daqui a pouco vai estar rolando cultos”, declarou Lucas.

Durante todo o culto, os seguranças da UFRGS permaneceram posicionados na entrada, em frente ao culto, com três veículos da Polícia Universitária Federal. 

Em certo momento, um homem dentro de um carro, que passava pela rótula, gritou um xingamento contra os cristãos.

Intercessão pelo ambiente universitário

No encontro, os participantes intercederam pela universidade com as mãos levantadas em direção à UFRGS, pedindo um despertar espiritual entre os estudantes e a direção. De joelhos, os cristãos também pediram perdão pelos pecados que foram cometidos dentro da faculdade.

“Não estamos fazendo um movimento contra a universidade e contra a reitoria. Você que é aluno abençoe o corpo docente e o corpo discente, porque você é uma luz”, incentivou Gilberto Araújo, professor de História e Antropologia e líder do movimento “Fire Universitário”.


Os participantes intercederam pelos estudantes e pela direção da UFRGS. (Foto: Guiame).

E Lucas ressaltou: “Os seguranças não são nossos inimigos, a reitora e o pessoal da universidade não são nossos inimigos, estamos aqui para levantar um altar de adoração nesse lugar”.

Enquanto o culto acontecia, alguns jovens entregaram folhetos evangelísticos para os motoristas que paravam no semáforo da rótula. Eles ainda pregaram para um motorista de um ônibus.

Vidas alcançadas

Lucas Teodoro pregou o Evangelho, explicando a necessidade de se arrepender e crer em Jesus para salvação e muitos foram tocados por Deus.

No apelo, cerca de 15 pessoas aceitaram Jesus, incluindo uma criança de 9 anos. Curas de enfermidades também foram registradas.

“As multidões estão com sede. Quando nós postamos que vai ter um culto na universidade, o grupo [do evento] enche muito rápido, em questão de horas. As pessoas estão com sede da Palavra de Deus”, testemunhou Teodoro.

“Enfrentamos, de vez em quando, alguma resistência por parte da reitoria, da segurança, mas quando falamos de alunos, eles querem ouvir o Evangelho. É isso que estamos vendo hoje no meio acadêmico no Brasil”.

Movimento histórico

Estudantes cristãos da UFRGS destacaram que o culto foi um momento histórico e significativo em suas vidas acadêmicas.

Giovanna Pereti, que cursa Direito, disse que nunca imaginou participar de um movimento cristão na universidade.

“Era impensável, nunca tinha visto. Quando eu entrei, [falavam:] ‘Se tu sair crente, parabéns, porque de lá ninguém sai crente’. Eventos assim são para incentivar os estudantes cristãos, acender uma chama”, comentou, em entrevista ao Guiame.

Para ela, o maior desafio do cristão na universidade é ter voz. “Por mais que no meu curso isso não aconteça tanto, não é um curso militante em si, outros colegas meus sofrem muito porque há muita polêmica e problematização. Se descobrem que você é crente acham que somos negacionistas e preconceituosos”.

Bruno Franzoso, estudante de História e líder do grupo cristão REDE UFRGS, celebrou a realização do “Aviva Universitário” em sua universidade.

“A sensação é de grande felicidade, porque muitas vezes vivemos nossa vida como cristão apenas em casa e na igreja, e poder viver Cristo na universidade é uma grande honra. É um grande passo para mostrar que tem crentes na universidade, que estamos aqui e existimos”, afirmou ele, ao Guiame.

Discriminação da fé cristã

Para o evangelista Lucas Teodoro, houve discriminação religiosa por parte da UFRGS, já que outras manifestações religiosas tiveram permissão de usar seu espaço público, como apresentações de religiões de matriz africana.

Ela citou que nesta quarta-feira (12), um dia após o culto do “Aviva”, vai acontecer uma festa de alunos com referências satânicas dentro do Campus do Vale, chamada “Inferninho da Letras”.

De acordo com relatos de estudantes, que não foram identificados por motivos de privacidade, a festa é marcada por álcool, drogas e orgias.

Em postagem sobre a próxima festa em sua página no Instagram, a organização anuncia: “Sim, querides, euzinho, o Inferninho, abro as cortinas do meu cabaré para vocês. Nada de moral e bons costumes, essa é uma festa para tu cometer teus piores (ou melhores) pecados e fazer tudo aquilo que vai negar na manhã seguinte. Se prepara para um palco de luxúria, bebida barata e olhares corrompidos”.

Em outra postagem anunciando a festa em uma versão de São João, alunos encenam um ritual satânico no anfiteatro da UFRGS, onde aconteceria o “Aviva Universitário”. No vídeo, um estudante fantasiado de satanás, afirma: “O diabo vai estar solto”.

Despertar nas universidades

O “Aviva Universitário” tem realizado cultos dentro de universidades por todo o país para levar o Evangelho no ambiente acadêmico.

Os cultos evangelísticos já aconteceram na UFMG, na UnB, na Praça Universitária em Goiânia (GO), na USP e em outras faculdades. Os encontros são marcados por quebrantamento, curas e salvação. 

“Estamos vendo muitos milagres! Os estudantes cristãos estão se unindo, aqueles que estavam com medo de professar sua fé na universidade agora estão entusiasmados e com ousadia”, relatou Lucas, em entrevista anterior ao Guiame.

E destacou: “O principal local que o diabo investiu nos últimos anos foi no meio acadêmico do Brasil! Por isso, hoje enfrentamos tantas dificuldades na nossa sociedade. Cremos que a transformação começa no meio educacional. O nosso objetivo é formar uma geração com o caráter de Cristo dentro das universidades”.

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