A partir de 17 de outubro, inicia-se a última das Festas do Outono na Torá, conhecida por Sukkot, em Israel, e Tabernáculos no Ocidente. Entre as sete Festas do Senhor na Torá, Tabernáculos é a única que inclui as nações da Terra. Deus a estabeleceu por ordenança ao povo judeu e, mais tarde, envolveu as nações como protagonistas ao lado de Israel.
De acordo com Levítico 23, os filhos de Israel deveriam habitar em tendas ou sukkot (tabernáculos ou cabanas), durante sete dias, para que as gerações futuras soubessem que Deus os fez habitar em tendas quando os tirou do Egito, durante a peregrinação no Sinai. Isso seria por “estatuto perpétuo” para que nunca se esquecessem de como Deus os conduziu com cuidado pelo deserto. Habitar em tendas por sete dias era e ainda é uma maneira de se humilhar perante o Senhor, mantendo um coração grato e alegre por seu cuidado.
Muitos holocaustos
“E falou o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis. Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao dia oitavo, tereis santa convocação e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; dia solene é, e nenhuma obra servil fareis” (Levítico 23:33-36).
Algo que chama a atenção nessa Festa é a quantidade de holocaustos que devia ser oferecida a Deus. Essa quantidade é especificada em Números 29:12-34. No primeiro dia, eram oferecidos 13 novilhos, 2 carneiros e 14 cordeiros de um ano, além de um bode de oferta pelo pecado, juntamente com as ofertas de cereais e libações designadas. A quantidade de novilhos era reduzida de um a cada dia, começando com 13 e terminando com 7, no sétimo dia. O total de novilhos oferecidos durante a Festa, portanto, era de 70 e esses holocaustos são mencionados em Números 29:13 como sendo “de cheiro suave ao Senhor”.
Ou seja, embora houvesse, como em todas as Festas, sacrifícios pelos pecados, em Tabernáculos, havia bem mais sacrifícios para expressar ação de graças e adoração (holocaustos) do que sacrifícios por expiação. O motivo disso é porque tais ofertas eram feitas em prol das nações. Os 70 novilhos ofertados em Sukkot apontavam para o número tradicional de 70 povos gentios que habitavam a Terra inicialmente, conforme Gênesis 10. Portanto, desde a Torá, Deus inseriu as nações da Terra nessa Festa, ainda que de forma codificada, instruindo sua vontade por meio de ordenança de sacrifícios.
A Marcha das Nações
Essa ordenança se tornou mais clara por intermédio do rei Salomão. A inauguração do primeiro Templo por ele construído se deu exatamente durante a Festa de Tabernáculos. Em sua icônica oração de inauguração, Salomão intercedeu pelo estrangeiro que, não pertencendo à comunidade de Israel, “vier de terras remotas por amor do teu nome” (1Reis 8:41-43). A tradição rabínica vê nessa oração um protagonismo das nações gentílicas em Tabernáculos.
Esse é o motivo que leva muitos a concluírem que uma celebração de Tabernáculos sem a participação das nações é uma celebração incompleta. Isso explica também a origem da Marcha das Nações, evento instaurado há décadas que ocorre nas ruas de Jerusalém durante a Festa. Trata-se de um desfile com representantes de países dos quatro cantos do mundo, de maioria cristã, que celebram Tabernáculos em um espírito de muita alegria, marcando o tom da Festa, e que atrai uma multidão de judeus da cidade. Curiosamente, já há vários anos, o número de nações representadas nessa marcha gira em torno de setenta.
A profecia de Zacarias
Zacarias — cujas profecias estão ligadas diretamente a Israel, ao Messias e ao fim dos dias — profetiza sobre o Reinado messiânico e de um novo mandamento às nações gentílicas que forem salvas na vinda do Senhor para Israel.
“E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos. E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva” (Zacarias 14:16-17).
Assim, após a chegada do Messias para instaurar seu Reino, a partir de Jerusalém, a participação das nações anualmente na Festa dos Tabernáculos será permanente. Zacarias fala de um novo mandamento para que todas as nações salvas cumpram o que já foi previsto pelo Senhor desde a Torá. A Festa conforme a conhecemos hoje será celebrada no milênio por toda a Terra, em homenagem ao Rei da Glória, em uma escala de alegria e regozijo jamais vistos.
A Festa dos Tabernáculos encerra as Festas do Outono, porém, prenuncia um período de júbilo interminável que será o Reinado de Yeshua, quando vier, pela segunda vez, para “tabernacular” entre os homens, recebendo a adoração que lhe é devida por todas as nações.
Para saber mais, acesse: https://www.aoliveiranatural.com.br/2021/09/26/tabernaculos-tempo-de-alegria/
Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.
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