
Ao pôr do sol de hoje se inicia Yom Kippur — o Dia da Expiação —, a segunda das Festas do Outono que apontam para a segunda vinda do Messias. O lado profético dessa Festa do Senhor aponta para a redenção de Israel como nação, o que se dará no fim dos dias, conforme anunciado pelos profetas, especialmente Isaías, Jeremias, Zacarias, e pelo apóstolo Paulo em sua carta aos romanos.
Yom Kippur contém uma atmosfera de peso pelo juízo iminente, tal qual em Rosh HaShanah. A diferença, porém, recai na irreversibilidade do juízo. Entre Rosh HaShanah, os livros são abertos e se inicia o julgamento. Foi exatamente isso que João descreveu em seu arrebatamento no livro de Apocalipse. Em Yom Kippur, as portas são fechadas e todos os homens estarão selados definitivamente para a vida eterna ou para a morte eterna.
Yeshua se referiu ao fechamento das portas em suas parábolas sobre o Reino de Deus, sempre com alusão à sua volta. Isso não passou despercebido de sua plateia que era praticamente toda de judeus que conheciam muito bem sobre o Dia da Expiação e a cerimônia de fechamento das portas no Templo, ao final desse dia.
O remanescente de Israel
Uma das formas de juízo nos últimos dias se dará em um conflito mundial, quando as nações se levantarem contra Israel, o que é profetizado em detalhes por Ezequiel, na batalha de Gogue que, na tradição judaica, representa a Rússia — a nação que vem do norte. É justamente nessa guerra para invadir a Terra Santa, sitiar Jerusalém e exterminar o povo judeu que o Messias voltará para salvar seu remanescente. Há muitas profecias a respeito, no Antigo e Novo Testamentos.
Sabe-se que tais nações serão movidas por espíritos malignos que inflamarão seus líderes em todo o mundo para a grande batalha em Armagedom (Meggido), conforme Apocalipse 16:14-16. É exatamente nesse contexto que Jesus diz: “Eis que venho como ladrão!” (v.15), conectando sua segunda vinda a esse conflito de grandes proporções. Esse também é o contexto do Yom Kippur futuro em que o “remanescente de Jacó” será salvo de seus inimigos. Eles o reconhecerão por Messias, chorarão sobre Ele (Zc. 12:10) e serão todos salvos, conforme destacado por Paulo (Rm. 11:26).
Os Dias de Temor
Israel parece encaminhar-se nessa direção, exatamente como profetizado para o “fim dos dias” pelos profetas, apóstolos e pelo próprio Yeshua. Não é por acaso que o período entre Rosh HaShanah e Yom Kippur é conhecido por Dias de Temor. Esses são dias de profundo pesar espiritual, em que as orações se multiplicam, os homens se humilham em pedidos de perdão e clamam a Deus por misericórdia.
Isso ocorre exatamente agora, em Jerusalém, onde milhares de judeus se reúnem na cidade velha, na área do Muro Ocidental (HaKotel HaMa’aravi), mais conhecido por Muro das Lamentações, a fim de clamarem em uníssono a Deus por suas vidas, suas famílias e sua nação.
Estes são dias de privação de prazeres, de mais oração e jejum, culminando com Yom Kippur, dia em que a nação inteira jejua por 25 horas para pedir por graça e misericórdia — dois dos atributos mais marcantes embutidos no Nome sagrado de Deus com que se revelou a Moisés no Sinai. O Dia da Expiação é melhor ilustrado no livro de Joel. Toda a atmosfera ali descrita se encaixa nesse dia solene: a convocação ao povo, incluindo os bebês; o espírito de humilhação com vestimentas de pano de saco; a proclamação de um jejum geral; a interrupção de lua-de-mel; e o choro no altar seguido do clamor dos sacerdotes de “Poupa a teu povo, ó Senhor!”.
Conflitos atuais e proféticos
A data infame do 7 de outubro de 2023 está prestes a completar dois anos, quando os terroristas do Hamas invadiram o território judeu e cometeram as atrocidades que deflagraram a atual guerra em Gaza. Este é o conflito mais longo travado pelo Estado novo de Israel desde sua independência em 1948. O conflito arrastou consigo outros levantes de facções terroristas que se aproveitaram para atacar Israel. Foi o caso do Hezbollah, que levou o Líbano a mais uma guerra, e dos Houthis no Iêmen. Além disso, a Jihad Islâmica intensificou os ataques nos territórios de Judeia e Samaria.
Além do ódio aos judeus, todos esses grupos terroristas têm em comum serem sustentados financeiramente e militarmente pelo Irã, o arqui-inimigo de Israel. A estratégia do regime iraniano é manter Israel atolado em conflitos gerados por essas facções para enfraquecê-lo a fim de poder dar o sonhado golpe final que “varrerá Israel do mapa”. Para combater essa estratégia, Israel decidiu, em junho passado, fazer um ataque preemptivo contra o Irã (a cabeça da serpente) com o propósito de incapacitar seu plano de desenvolver armas nucleares para serem empregadas contra si.
Israel ganhou esse round ou essa batalha, mas a guerra não terminou. O programa do Irã não foi extinto e agora tem o apoio da Rússia e da China que desafiam abertamente os Estados Unidos com suas sanções ao programa nuclear iraniano, bem contra o mecanismo de snapback ativado pela ONU na semana passada. Ambos os lados — Israel e Irã —, exatamente agora, se preparam para a próxima rodada de ataques que virá mais cedo ou mais tarde. O problema é que, dessa vez, o embate pode atrair nações mais fortes e poderosas militarmente para o conflito.
Os dez Dias de Temor — correspondentes à Grande Tribulação — apontam para o período de maior sofrimento e perseguição do povo de Israel, como dizem as Escrituras e o próprio Yeshua. O antissemitismo é o maior sinal disso e nunca foi tão elevado, como atualmente, desde a época da Segunda Guerra. Essa é a atmosfera em que Israel se encontrará imediatamente antes da volta do Messias.
Sabemos que ainda não alcançamos esse ponto, pois antes haverá a falsa paz e a abominação desoladora. Entretanto, a guerra vivida por Israel hoje, travada em vários fronts, envolvendo inúmeros atores e com um terrível potencial de se tornar um conflito mundial, é inédita. É o máximo que já nos aproximamos dos Dias de Temor proféticos que precederão o último Yom Kippur dessa era, culminando com o retorno de Yeshua, aos olhos de toda a Terra, para salvar o remanescente judeu e estabelecer seu Reino milenar.
Para saber mais, acesse https://www.aoliveiranatural.com.br/2024/10/10/yom-kippur-e-a-guerra-de-israel/
Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor de A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.
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