Quem, no mundo atual urbano, vive sem estar conectado à internet? Tudo o que fazemos e até mesmo parte do que pensamos está vinculado à alguma forma de tecnologia. O funcionamento da civilização como a conhecemos se tornou tão dependente disso que agora, nesta sexta-feira, vimos o quanto um "apagão cibernético" pode nos causar de prejuízos.
Bastou uma falha de atualização em um programa de segurança da Microsoft para que o mundo, praticamente, "parasse". Voos suspensos, linhas de metrôs, bolsas de valores, bancos e outros serviços, quase todos paralisados por causa de um código tecnológico. Com isso, milhões, talvez bilhões de vidas prejudicadas instantaneamente.
O que isso deve representar, para nós, é muito mais do que uma preocupação com o funcionamento perfeito da tecnologia: diz respeito à garantia das nossas liberdades! Essa "falha" de segurança pode servir de prenúncio para o que um dia, no futuro, alguém poderá decidir fazer com apenas o aperto de um botão.
Em fração de segundos, bilhões de pessoas na Terra estariam reféns de um grupo, governo, sistema ou indivíduo. Como podemos observar no dia de hoje, não poderíamos "ir e vir", movimentar contas, realizar transações diversas que poderiam envolver desde a simples compra num supermercado à venda de um imóvel.
Essa hipótese ficcional é mais real do que imaginamos e o apagão de hoje nos serve de amostra. Isso, porque, estamos virtualizando as nossas vidas em nome do conforto, dos interesses, mas com elas também as nossas liberdades individuais. Seria a inteligência artificial o próximo passo disso, em definitivo, rumo à escravidão pós-moderna?
Política representativa
A única forma de garantirmos que não seremos reféns da tecnologia e daqueles que a dominam, no futuro, é implementando políticas públicas voltadas para os direitos individuais. Para isso temos que ter vereadores, deputados, governadores, presidentes, gestores em geral, comprometidos com essa causa.
A linha divisória entre o apagão cibernético e o apagão das nossas liberdades é a Legislação, uma vez que o avanço tecnológico é inevitável. Precisamos regulamentar, sim, às ameaças futuras à nossa liberdade, e não a nossa liberdade de poder regulamentar.
Se não fizermos isso agora, muito em breve o apagão que vimos hoje poderá não ser apenas uma falha temporária de segurança, mas uma medida implementada com o objetivo de atingir determinado grupo de indivíduos, talvez os conservadores, cristãos, quem poderá garantir o contrário? Pense nisso.
Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".
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