Duas notícias divulgadas recentemente por alguns dos poucos veículos de mídia corajosos que ainda atuam em nosso país, merecem destaque. Primeiro: a maior autoridade em "mudança de sexo" do mundo teve dados vazados, onde seus profissionais admitem que terapias de afirmação de gênero podem causar efeitos colaterais gravíssimos e irreversíveis na saúde dos pacientes – ou vítimas?
Segundo: após uma revisão detalhada de dados iniciada em 2020, a Inglaterra decidiu proibir a utilização dos chamados "bloqueadores de puberdade" em menores de idade, considerando os riscos envolvidos para a saúde de crianças e adolescentes supostamente "transgêneros".
Essas informações são gravíssimas, mas não foram amplamente repercutidas pela grande mídia. Por quê? Ora, não preciso entrar em detalhes, pois sabemos como o aparelhamento ideológico da imprensa, dominada em sua ampla maioria pela esquerda política, tem funcionado, salvo veículos alternativos como este do qual esta colunista faz uso.
A primeira grande bomba no ativismo LGBT+ foi ocasionada pelo vazamento de registros da Associação Mundial Profissional pela Saúde dos Transgêneros (WPATH, na sigla em inglês). Os dados foram analisados pela pesquisadora Mia Hughes, da ONG Environmental Progress, resultando em um relatório de mais de 200 páginas.
Em seu relatório, Mia afirma que a WPATH realizou “práticas médicas arbitrárias, incluindo experimentação hormonal e cirúrgica em menores de idade e adultos vulneráveis", frisando que a "sua abordagem da medicina é voltada para o consumo e pseudocientífica, e seus membros parecem se dedicar ao ativismo político”, informa a Gazeta do Povo.
Para o jornalista Michael Shellenberger, presidente da ONG responsável pela publicação do relatório, “os arquivos internos da WPATH provam que a prática da medicina transgênero não é científica nem médica”. São denúncias, portanto, tão graves, que em um dos registros vazados é possível observar o relato de um profissional associando o possível surgimento de tumor cancerígeno ao "tratamento" disponibilizado aos menores trans.
Imaturidade
Uma das profissionais que aparece nos registros vazados da WPATH é a psicóloga Dianne Berg, coautora de um capítulo pediátrico das diretrizes elaboradas pela Associação quanto às abordagens de saúde voltadas para os jovens supostamente transgêneros. Ela confirma que os menores são, de fato, imaturos para entender a gravidade das consequências da intervenção hormonal em seus corpos.
Segundo a profissional, algumas meninas que pensam poder se tornar "meninos" nem mesmo entendem que poderão desenvolver barbas por causa dos hormônios. Daniel Metzger, médico endocrinologista que também aparece no vazamento, confirma a sua percepção dizendo que “com frequência temos que explicar esse tipo de coisa para pessoas que nem estudaram biologia no ensino médio ainda”.
Resultados cirúrgicos malsucedidos, pacientes arrependidos e com diagnósticos de transtornos mentais/emocionais não levados em consideração antes dos procedimentos médicos também são relatados no vazamento, reforçando os inúmeros alertas que especialistas como eu vêm há anos fazendo.
Reconhecimento
Não por acaso, o Reino Unido resolveu agora proibir procedimentos de "mudança de sexo" para menores. A decisão foi confirmada pelo NHS, o Serviço Nacional de Saúde do país, após uma análise meticulosa de dados baseada em casos encaminhados ao Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Gênero (GIDS), e em uma consulta feita com 4 mil pessoas.
A decisão do NHS, de acordo com a ministra de Saúde do país, Maria Caulfield, visa garantir maior segurança para a saúde dos menores. “Sempre fomos claros que a segurança e o bem-estar das crianças são fundamentais", disse ela, segundo a SkyNews. “Terminar a prescrição rotineira de bloqueadores da puberdade ajudará a garantir que os cuidados sejam baseados em evidências, opinião clínica especializada e sejam do melhor interesse da criança”.
Como podemos observar, a realidade está vindo à tona e se sobrepondo às narrativas ideológicas do ativismo LGBT+, que nada têm a ver com direitos e a proteção da comunidade homossexual, bissexual e transexual, mas com interesses político-ideológicos que envolvem a desconstrução de valores há milênios vigentes e o controle social mediante a ditadura do pensamento.
Tenho publicado em meus livros e colunas que, segundo estudos concretos, cerca de 85% dos menores disfóricos (os chamados "trans") deixam de possuir conflitos de identidade sexual à medida que amadurecem emocional e fisicamente. Também tenho alertado que a propaganda ideológica LGBT+ (do ativismo) pode estar impactando diretamente a percepção sexual dos jovens, algo que deve ser mensurado e levado em consideração diante dos novos casos relatados de disforia.
Outro grave problema que as notícias acima reforçam é a correlação entre disforia e os transtornos de ordem emocional, algo também registrado em meus livros. Menores que, por exemplo, sofrem com autoestima, convivência social/familiar disfuncional, depressão e traumas envolvendo violência sexual, podem estar recorrendo com maior frequência à "mudança de sexo" como uma espécie de mecanismo de defesa e/ou aceitação.
Tudo isso nos mostra, por fim, o quanto estamos diante de algo complexo que pode estar sendo agravado por causa da militância ideológica LGBT+. Felizmente, parece estar surgindo um movimento de maior conscientização entre os profissionais que lidam com esse tema, algo que, embora tardio e por força da realidade imposta, vem para confirmar que os nossos alertas estavam certos.
Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".
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