Bebês foram queimados em ataque islâmico que matou 200 cristãos na Nigéria

Extremistas Fulani incendiaram casas enquanto os moradores dormiam, famílias inteiras foram mortas, em Yelwata.

fonte: Guiame, com informações de CBN News

Atualizado: Sexta-feira, 20 Junho de 2025 as 10:05

O ataque vitimou 200 pessoas, a maioria cristãos. (Foto: Reprodução/YouTube/CBN News).
O ataque vitimou 200 pessoas, a maioria cristãos. (Foto: Reprodução/YouTube/CBN News).

Bebês foram queimados durante o ataque islâmico que matou 200 pessoas, a maioria cristãos, na Nigéria, no último final de semana.

Extremistas islâmicos fortemente armados invadiram Yelwata, uma comunidade agrícola no município de Guma, no estado de Benue, entre sexta-feira (13) e sábado (14). Eles incendiaram casas e massacraram os moradores.

O jornalista Micheel Odeh James, do jornal Truth Nigeria – que tem noticiado a perseguição no país africano – relatou que os terroristas Fulani incendiaram casas e abrigos enquanto as pessoas dormiam.

Famílias inteiras foram mortas, incluindo bebês. “Os militantes incendiaram suas casas enquanto as pessoas dormiam e atacaram com facões qualquer um que tentasse fugir", revelou Micheel.

“Eles trancaram algumas pessoas e depois os encharcaram com gasolina e depois os incendiaram. Bebês foram queimados”.

Ele classificou o ataque como “um massacre genocida” contra a comunidade cristã local. "Somos cerca de 6 a 7 milhões de nigerianos vivendo em Benue, e mais de 97% deles são cristãos. Eles são batistas, são metodistas, são católicos”, disse.

O ataque mortal aconteceu em Yelwat, uma vila agrícola que acolhe pessoas deslocadas internamente que fugiram de ataques anteriores de jihadistas Fulani em cidades vizinhas.

Segundo um relatório da organização “Ajuda à Igreja que Sofre” (ACN), durante a ação, os terroristas tentavam invadir a Igreja de São José, onde viviam 700 pessoas.

Eles ainda usaram combustível para incendiar as portas do alojamento dos deslocados, antes de abrir fogo no local onde mais de 500 pessoas estavam dormindo.

Uma testemunha ocular contou ao Genocide Watch que 40 extremistas armados invadiram a aldeia em motocicletas, gritando "Alá é grande” e atirando nas pessoas.

"Eles cercaram Yelwata, falando hauçá e fufulde, e começaram a massacrar pessoas – principalmente mulheres, crianças e famílias deslocadas que pensavam ter encontrado segurança aqui”, denunciou Mton Matthias, um líder juvenil local.

"Ainda estamos encontrando corpos nos arbustos. O número de mortos está aumentando a cada hora”, acrescentou.

Matthew Mnyam, líder comunitário em Yelwata, também relatou: “Algumas famílias foram completamente dizimadas. Um homem, suas duas mulheres e todos os seus filhos foram queimados vivos. Foi um ataque bem coordenado”.

Perseguição sem fim na Nigéria

O ataque recente se soma à crescente onda de agressões de pastores jihadistas Fulani contra comunidades cristãs.

No mês passado, homens armados, supostamente pastores, mataram pelo menos 20 pessoas na região de Gwer West, em Benue. Já em abril, ao menos 40 pessoas perderam a vida no estado vizinho de Plateau.

Iorapuu do jornal Catholic Star, afirmou que, seguindo seu histórico de inação, o governo nigeriano falhou novamente em agir, apesar dos alertas de que os ataques provavelmente se intensificariam após o testemunho do bispo Wilfred Anagbe nos EUA.

Em 14 de fevereiro de 2024, o bispo de Makurdi falou perante os legisladores americanos, afirmando que os cristãos na Nigéria estavam sendo vítimas de genocídio e pedindo à comunidade internacional que intervisse.

Tragicamente, seu depoimento levou a um aumento da violência em sua cidade natal, com jihadistas chegando a ameaçar sua vida.

“Esperávamos que os ataques se intensificassem após o testemunho do bispo Wilfred Anagbe nos EUA sobre a Igreja perseguida, mas acreditávamos que o aviso dos EUA faria o governo ser proativo; erramos novamente”, disse Iorapuu.

Mais de 10 mil mortos desde 2023

Desde maio de 2023, pelo menos 10.217 nigerianos foram mortos em ondas de violência em várias partes do país, de acordo com dados reunidos por organizações da sociedade civil e da imprensa.

Segundo a Anistia Internacional Nigéria, mais de 6.896 dessas mortes ocorreram no estado de Benue, enquanto o estado de Plateau registrou cerca de 2.630 vítimas.

O mesmo relatório revela que 672 aldeias foram saqueadas apenas nos estados de Benue, Plateau e Kaduna. Muitas dessas comunidades eram assentamentos agrícolas de maioria cristã.

A crise humanitária provocada pela violência continua se intensificando. Milhares de pessoas deslocadas estão refugiadas em escolas, igrejas e áreas abertas, enfrentando escassez de água potável, alimentos e atendimento médico.

A Nigéria ocupa o 7° lugar da Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas.

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