Dias de violência entre agricultores (principalmente cristãos) e pastores muçulmanos Fulani na área central da Nigéria custaram centenas de vidas e indicam que o governo perdeu o controle da situação.
Mais de 200 cristãos (número atualizado pela Missão Portas Abertas - EUA) foram mortos depois de um funeral, segundo o pastor nigeriano Pam Chollom, que lidera a Igreja de Cristo no Conselho Regional da Igreja das Nações. "Os Fulani armados emboscaram os cristãos no caminho de volta do enterro, atacaram e mataram 34 pessoas da vila de Nekan, 39 de Kufang e 47 pessoas da aldeia de Ruku", disse ele ao jornal nigeriano Premium Times.
O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, que é de etnia Fulani, disse que é injusto culpá-lo pelos assassinatos, segundo a Associação Cristã da Nigéria. "É digno de nota que muitos nigerianos ainda reconhecem que, apesar dos desafios de segurança, este governo obteve notáveis sucessos no setor de segurança", disse ele.
Enquanto a violência reflete a competição por recursos entre agricultores e pastores nômades, muitos observadores dizem que os Fulani estão sendo influenciados e armados por extremistas islâmicos. O terrorismo fulani agora é considerado ainda mais perigoso que o do Boko Haram na Nigéria.
Esforços
Paul Mershak, representante da organização cristã Tearfund na Nigéria, disse que a violência tem quebrado seus corações. "A Tearfund condena esses atos horrendos e o enorme custo para a vida humana e a destruição generalizada que isso causou", destacou. "Temos trabalhado no Cinturão do Meio da Nigéria na construção da paz, e esse ciclo crescente de ataques quebra nosso coração".
Ele disse que a Tearfund vinha "promovendo o diálogo entre partes adversárias através de comitês de paz locais e que havia trabalhado com os jovens adoecidos por uma vida de ódio e violência". Também ajudou a criar a Agência de Consolidação da Paz do Estado de Plateau, apoiada pelo governo, a primeira desse tipo na Nigéria.
"Todos esses esforços e os de outras agências podem ajudar. Mas agora chegou a hora do governo intensificar seus esforços para levar uma paz duradoura à região do Cinturão Intermediário, comprometer-se com uma estratégia de construção da paz de alto nível e adequadamente planejada, auxiliando as vítimas na recuperação de seus lares e vidas. Agora chegou também a hora de levar todos os perpetradores de violência à justiça, para que possamos buscar um futuro mais promissor para a Nigéria", afirmou Mershak.
A Força Policial da Nigéria disse em comunicado que estava enviando um reforço especial para o estado de Plateau para aumentar a segurança, que incluiria dois helicópteros de vigilância policial, cinco veículos blindados e oficiais extras de outros estados.
O governador do Planalto, Simon Lalong, falando em uma entrevista coletivana nesta terça-feira (26) em Buhari, chamou o ataque de "perturbador e alarmante porque deixou para trás uma dolorosa perda de mais de 200 pessoas, no total".
Lalong disse que o país enfrenta um desafio humanitário "que confronta milhares de pessoas deslocadas, cujas casas e cultivos queimaram e destruíram completamente".