80% dos brasileiros são contra homens biológicos em espaços femininos, diz pesquisa

A pesquisa também revelou que quase 90% da população não concorda com o uso de linguagem neutra em políticas públicas e documentos oficiais.

fonte: Guiame, com informações de O Antagonista

Atualizado: Segunda-feira, 24 Março de 2025 as 5:09

Imagem Ilustrativa. (Foto: Reprodução/Unsplash/Tim Mossholder)
Imagem Ilustrativa. (Foto: Reprodução/Unsplash/Tim Mossholder)

Um recente estudo realizado pela empresa IRG Pesquisa, a pedido da Associação Mátria, revelou que mais de 80% dos brasileiros são contrários à autodeclaração de gênero por homens que se identificam como mulheres para acessar banheiros, presídios, vestiários e esportes femininos.

Além disso, a pesquisa também revelou que quase 90% da população não concorda com o uso de linguagem neutra em políticas públicas e documentos oficiais.

O levantamento foi realizado com 1.100 pessoas maiores de 16 anos e será apresentado no XI Congresso da WAPOR Latinoamérica.

Segundo os dados mais relevantes, 81,4% dos entrevistados discordaram do uso da autodeclaração para entrada em banheiros femininos e 81% rejeitaram a presença de homens que se dizem mulheres em presídios femininos. Já 78,5% se opuseram à participação de homens em esportes femininos.

Em relação à linguagem oficial, 89,8% dos brasileiros são contra substituir o termo “mãe” por “pessoa que gesta” e o mesmo percentual rejeita a troca de “mulher” por “pessoa que menstrua”, termos que já são utilizados pelo Ministério da Saúde.

O Antagonista informou que o Supremo Tribunal Federal chegou a discutir o tema em 2024, decidindo pela inclusão do termo “parturiente” ao lado de “mãe” em documentos como a Declaração de Nascido Vivo, após pedido do Partido dos Trabalhadores.

‘Percepções da sociedade’

A pesquisa também revelou que há uma grande confusão em relação aos critérios atuais para o acesso aos espaços femininos.

Em 2018, o STF decidiu que a autodeclaração era suficiente para a mudança de gênero nos registros civis. Porém, muitos entrevistados ainda acreditam que são exigidos laudos médicos ou cirurgias.

Ao serem questionados sobre o que significa ser uma “mulher trans”, 61% não souberam responder corretamente. A maioria confundiu o conceito com mulheres lésbicas ou pessoas com comportamentos masculinos.

O estudo também destacou os benefícios sociais, onde 52,6% foram contrários à licença-maternidade para homens que se identificam como mulheres. Quanto às cotas para trans em concursos e universidades públicas, 50,2% discordam e apenas 24,7% demonstraram apoio à medida.

Para a maioria dos brasileiros (75,3%), as mulheres que criticam as políticas de autodeclaração de gênero não são preconceituosas, o que contradiz decisões judiciais recentes contra críticas ao assunto.

Contudo, a rejeição às políticas de identidade de gênero mostrou correlação com fatores como voto, sexo e condição parental.

Entre os que votaram em Jair Bolsonaro em 2022, 95,6% são contrários à autodeclaração para acesso a espaços femininos. 

Já entre os eleitores de Lula, o índice também é alto: 67,8%. Homens rejeitam mais (85,5%) do que mulheres (77,4%), e pessoas com filhos discordam mais (83,9%) do que aquelas sem filhos (74,8%).

Celina Lazzari, diretora da Mátria, explicou que o objetivo da pesquisa foi oferecer recursos para decisões públicas e privadas, além de aprimorar o debate sobre sexo e identidade de gênero no Brasil. 

“Queríamos dados reais sobre a percepção da sociedade”, disse ela.

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