
A Espanha, marcada por séculos de domínio muçulmano durante o período de Al-Andalus (711–1492), carrega uma herança religiosa e cultural profundamente influenciada pelo Islã.
Cidades como Córdoba e Granada foram centros de saber e espiritualidade islâmica, e até hoje monumentos como a Mesquita de Córdoba registram esse fato.
Após a Reconquista e a posterior expulsão de muçulmanos e judeus, o catolicismo se tornou dominante, com pouca diversidade religiosa visível por muito tempo.
No entanto, os dados mais recentes mostram uma mudança significativa no cenário religioso espanhol.
Com mais de 4.500 locais de culto, os evangélicos agora representam 56% dos espaços religiosos não católicos, superando os muçulmanos em número de templos.
Esse crescimento, especialmente em regiões como Catalunha, Madri e Andaluzia, reflete o avanço da evangelização no país e a consolidação das igrejas evangélicas como a principal expressão religiosa entre as chamadas minorias.
Templos evangélicos
Segundo o Observatório do Pluralismo Religioso na Espanha, os templos evangélicos correspondem a 56% dos espaços de culto não católicos no país.
Dos 8.140 locais de culto não católicos registrados na Espanha, distribuídos entre 17 denominações diferentes, 4.572 são evangélicos.
Em seguida, vêm os muçulmanos, com 1.908 espaços (23% do total), e as Testemunhas de Jeová ocupam o terceiro lugar com 572 locais – superando, em algumas regiões como Astúrias e Galícia, o número de mesquitas e centros islâmicos.
Na sequência, entre as confissões religiosas com maior número de locais de culto na Espanha estão os ortodoxos (236), os budistas (182), os adventistas (154), a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (114) e os bahá'ís (106).
Logo atrás estão a Comunhão Anglicana (68 locais), as sinagogas e espaços judaicos (46), os gnósticos (37), os hindus (31), os sikhs (28 – metade deles concentrados na Catalunha), além dos seguidores da Cientologia (14) e da Ciência Cristã (5).
Catalunha e Andaluzia
Os dados mais recentes, divulgados em 2025, revelam que apenas 17,6% dos municípios espanhóis possuem ao menos um local de culto não católico.
A maior concentração está na Catalunha, especialmente na província de Barcelona, que abriga 70% dos 1.625 espaços religiosos desse tipo.
Outras regiões com grande concentração de locais de culto não católicos incluem a Andaluzia, com 1.298 espaços, Madri (1.167), a Comunidade Valenciana (933) e as Ilhas Canárias (426).
Os que têm menos são Ceuta, Cantábria, La Rioja e Astúrias, com 31, 55, 66 e 98, respectivamente.
Maioria evangélica
Os templos evangélicos também se concentram majoritariamente nas regiões da Catalunha, Madri e Andaluzia.
Além disso, nas regiões da Catalunha, Andaluzia, Castela e Leão, Ilhas Baleares, Comunidade Valenciana, Extremadura e Ilhas Canárias, os locais de culto evangélicos representam mais de 50% do total de espaços religiosos não católicos.
Nas Astúrias e na Galiza, ultrapassam os 60%, enquanto na Cantábria e Madrid já ultrapassaram os 70%.
Ceuta, Melilla, La Rioja e Navarra são os únicos lugares onde há mais centros muçulmanos, com locais de culto evangélicos em segundo lugar.
Mais muçulmanos nas aldeias
Segundo o mais recente estudo demográfico do Observatório da Andaluzia, a Espanha conta atualmente com mais de dois milhões e meio de muçulmanos.
Muitos deles utilizam espaços alternativos para celebrar suas festividades, como ocorreu em Jumilla (Múrcia), onde até recentemente os encontros eram realizados em um centro esportivo local.
Em municípios com menos de 5.000 habitantes, os muçulmanos formam o maior grupo religioso, com 285 locais de culto – o que representa 57% do total. A maioria desses espaços está localizada em Castilla-La Mancha (43), Navarra (39) e Catalunha (34).
Nos municípios com população entre 5.000 e 100.000 habitantes, as igrejas evangélicas voltam a ser predominantes, superando o número de mesquitas em cerca de 400 unidades.