A congregação da Paróquia Ortodoxa Ucraniana Santíssima Trindade, em Canoas (RS), se reuniu na noite da última quinta-feira (3), em uma vigília para orar pela paz na Ucrânia. Os membros, incluindo crianças e idosos, também fizeram uma manifestação com cartazes e velas acesas, pedindo o fim da invasão russa, que já dura 11 dias.
De acordo com a GaúchaZH, a comunidade é formada por cerca de 60 famílias descendentes de ucranianos, que migraram para o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940. A igreja, localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre, é a única comunidade ucraniana-brasileira do Rio Grande do Sul.
A vigília contou com orações e louvores, entoados com muita emoção pelos fiéis, muitos deles vestindo roupas típicas com os tradicionais bordados ucranianos. Após o momento de intercessão, foi dada a oportunidade para quem quisesse se manifestar.
A ucraniana Natallia Shvets, de 33 anos, foi uma das pessoas que falaram no altar. Ela contou que é casada com um brasileiro e mora no Brasil há 8 anos. Lembrando dos familiares que estão na Europa, Natallia caiu aos prantos, muito emocionada.
“Não sei o que é pior: perder os pais ou perder a pátria. Eu gosto do Brasil, amo o povo brasileiro, mas eu sou ucraniana”, declarou, observando que mesmo não sendo uma pessoa religiosa, pedia orações por sua nação.
O descendente ucraniano Alexis Oleksiuk Efremides, de 51 anos, também se manifestou, condenando a invasão russa e anunciando que ele e outros familiares estão disponibilizando apartamentos em Porto Alegre para acolher refugiados que chegarem ao Brasil.
Sem contato com os familiares na Ucrânia
Os membros da Paróquia Ortodoxa Ucraniana em Canoas (RS) oraram pelo fim da guerra. (Foto: Esdras De Lima).
Outros membros, falaram sobre a angústia que enfrentam com a falta de notícias de suas famílias na Ucrânia. Oliana Reszetiuk, de 49 anos, filha de um dos fundadores da igreja ortodoxa ucraniana em Canoas, relatou que o último contato que teve com os primos do pai, que moram em Lviv, aconteceu antes do início do ataque russo.
Segundo ela, os familiares falavam que não deixariam o país mesmo em caso de guerra. Desde que os bombardeiros começaram, Oliana não teve mais notícias deles. Ela suspeita que eles tenham fugido para a Polônia.
Filha de pais ucranianos que vieram ao Brasil para fugir do regime nazista, Delia Morshak, de 63 anos, também perdeu contato com os familiares, que moram na capital Kiev. “Eles estão em um bunker. Toca sirenes e tudo estremece. Falo com eles todos os dias, mas hoje não tive nenhuma notícia”, contou.
A Paróquia Ortodoxa Ucraniana está promovendo uma arrecadação de fundos para ajudar os familiares na Ucrânia, como a venda de almoço da quaresma, que aconteceu no último domingo (13).