O ataque das tropas russas a uma maternidade e um hospital infantil durante o cessar-fogo na cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia, mostra os prédios em destroços. Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que chamou o ataque de crime de guerra, pessoas ficaram presas sob destroços.
De acordo com as autoridades, três pessoas, incluindo uma criança, foram mortas no ataque. Cerca de 17 pessoas também ficaram feridas, incluindo funcionários e pacientes.
Em meio à guerra de informações, o chefe da administração regional de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, disse que nenhuma morte foi confirmada e que não houve feridos entre crianças.
Ao publicar imagens mostrando prédios queimados, carros destruídos e uma enorme cratera do lado de fora do hospital, o conselho da cidade disse que o ataque causou "danos colossais".
"Não entendemos como é possível na vida moderna bombardear um hospital infantil. As pessoas não podem acreditar que seja verdade", disse o vice-prefeito de Mariupol, Serhiy Orlov, à BBC.
Em russo, durante parte de seu último discurso em vídeo, o presidente Zelensky chamou o ataque de crime de guerra. "Que tipo de país é a Rússia, que tem medo de hospitais e maternidades e os destrói?"
Repercussões
Nesta quinta-feira (10), o presidente da Polônia, Andrzej Duda, declarou ao lado da vice-presidente americana, Kamala Harris, que o que está acontecendo na Ucrânia é um “genocídio”. Ele citou os ataques a civis e a crianças.
Harris disse que a Polônia e seu povo estão demonstrando muita generosidade ao receber os refugiados. Citando os bombardeios ao hospital pediátrico, a vice-presidente chamou o ato de “atrocidade”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, usou o Twitter e escreveu: "Há poucas coisas mais depravadas do que atacar os vulneráveis e indefesos".
Cerco a Mariupol
A cidade de Mariupol está cercada por tropas russas há vários dias, e repetidas tentativas de cessar-fogo para permitir a saída de civis fracassaram.
"A cidade inteira continua sem eletricidade, água, comida, o que quer que seja e as pessoas estão morrendo por causa da desidratação", disse Olena Stokoz, da Cruz Vermelha da Ucrânia, à BBC, acrescentando que sua instituição continuará tentando organizar um corredor de evacuação.
Até o momento, e segundo o vice-prefeito Orlov, pelo menos 1.170 civis foram mortos na cidade desde que a Rússia começou o bombardeio e que 47 pessoas foram enterradas em uma vala comum na quarta-feira. Essas informações não foram verificadas de forma independente, segundo a BBC.
A ONU diz ter verificado 516 mortes de civis em toda a Ucrânia, mas acredita que os números reais são "consideravelmente maiores".