Igreja Católica perde 2 mil membros todos os anos, diz cardeal brasileiro

O grande esforço do cardeal é atrair novas vocações. "A idade média das freiras na Europa é de 85 anos, o que significa que essas idosas vão morrer em breve sem que apareçam outras para ocupar seu lugar", disse d. João.

fonte: Guiame, com informações de Exame

Atualizado: Sexta-feira, 21 Agosto de 2015 as 4:39

Anualmente, a Igreja Católica perde cerca de 2 mil membros em todos os continentes, sobretudo na Europa.
Anualmente, a Igreja Católica perde cerca de 2 mil membros em todos os continentes, sobretudo na Europa.

 

Anualmente, a Igreja Católica perde cerca de 2 mil membros em todos os continentes, sobretudo na Europa, segundo informou o cardeal brasileiro d. João Braz de Aviz na tarde desta quarta-feira (19) em encontro com mil freiras, padres e leigos na Catedral de São Paulo, na Praça da Sé, região central de São Paulo.

Ex-arcebispo de Brasília, d. João foi nomeado prefeito por Bento XVI em 2011 e confirmado pelo papa Francisco em 2013. Como prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, hoje está no comando de aproximadamente 1,5 milhão de religiosos, pertencentes a quase 3 mil congregações e comunidades de consagrados.

O grande esforço do cardeal é atrair novas vocações. "A idade média das freiras na Europa é de 85 anos, o que significa que essas idosas vão morrer em breve sem que apareçam outras para ocupar seu lugar", disse d. João ao jornal O Estado de S. Paulo, antes da palestra na Sé.

Novas vocações só têm surgido, em maior proporção, na África e na Ásia, onde o catolicismo tem prosperado. "Vietnã e Coreia do Sul têm, cada um, 10% de católicos em suas populações", informou o cardeal.

Para ele, a urgência está em rever a vida comunitária nos conventos. "Sei de casos de religiosos que deixaram suas comunidades e querem voltar, mas desistem porque não encontram nelas a vida em família", disse d. João. A revisão inclui a possibilidade de organizar comunidades mistas na vida consagrada.

"No passado, tivemos dificuldades para a convivência, porque se dizia que era preciso ter cuidado, porque a mulher é um perigo, ou cuidado porque o homem é um perigo", observou o cardeal. "Não aconselho muito formar comunidades mistas na mesma casa", disse, depois de ter lembrado que o voto de castidade faz parte da vocação religiosa.

D. João revelou que recebeu o pedido de dispensa de uma freira de 80 anos, ex-superiora provincial de sua congregação, que deixou o convento porque, conforme alegou, queria realizar seu ideal de maternidade. Ela saiu e adotou um bebê de três meses.

Outro problema sério para a vida religiosa é o da autoridade, ligada ao voto de obediência. "Há muitas autoridades (ou superiores de comunidades) que são opressoras", afirmou o cardeal. Ele citou o exemplo de uma superiora-geral que ocupa o cargo há 35 anos e não abre mão dele, com graves consequências para suas subordinadas. "Há casos de superioras que mudam as regras da constituição da congregação para morrerem superioras", lamentou.

D. João de Aviz também advertiu para o perigo do dinheiro, que algumas ordens e congregações religiosas acumulam, apesar de seus membros fazerem voto de pobreza. "As instituições religiosas detêm 52% do patrimônio do Banco do Vaticano (IOR ou Instituto para as Obras de Religião), dinheiro não está faltando", disse.

Como exemplo, ele citou, sem revelar o nome, o caso de uma congregação que, embora com voto de pobreza, tem 30 milhões de euros no banco.

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