Impossibilitado de pregar para os índios da etnia zo'é no território da tribo, o missionário evangélico Luiz Carlos Ferreira convenceu parte desses índios a ir à fazenda de um amigo para orarem e, ao mesmo tempo, trabalharem na colheira de castanha, em Santarém, no Pará.
Em troca do trabalho, segundo informações da Folha de S. Paulo, os índios ganhavam roupas, redes, panelas e outros utensílios.
Agora, Ferreira é acusado de 'proselitismo religioso', em um comportamento que estaria violando o direito à manutenção de culturas próprias. De acordo com a Procuradoria, ele e Manoel Oliveira, dono do castanhal, mantiveram 96 indígenas em condições como a de escravidão.
Luiz Carlos Ferreira fazia parte do grupo Missão Novas Tribos do Brasil, que foi expulso da Funai em 1991. Agora o missionário é da Igreja Batista, mas ainda é acusado de estar ligado ao grupo.
Luís de Camões Boaventura, procurador autor da ação, fala sobre o caso. "Havia um acordo do missionário com o castanheiro. Os índios eram trazidos para a colheita e viravam alvo fácil para o missionário."
O coordenador da Funai, Carlos Travassos, explica que o órgão condena o proselitismo religiosa porque pode haver impacto negativo para as tribos.
O fato é que a preocupação do órgão é que essas pessoas se convertam e queiram abandonar os costumes indígenas, causando o que pode ser considerada uma 'perda' para a Funai.
Em depoimento à polícia, o missionário Ferreira disse que sua atuação religiosa não tem nenhuma ligação com o trabalho na fazenda e que os índos estavam lá por vontade própria.