Não religiosos se tornaram maioria na Suíça, país reformado por João Calvino e berço importante do calvinismo.
De acordo com um relatório do Departamento Federal de Estatística divulgado neste mês, 32,3% dos suíços não professam nenhuma religião.
O número de não religiosos triplicou nas últimas décadas no país. Em 1970, os sem religião representavam apenas 1,2% da população suíça, e em 2000, eram 11,4%.
Entre os cidadãos sem filiação religiosa, 38% são ateus e mais de um quinto se identificam como agnósticos.
Mesmo com o declínio da fé cristã, 30% dos suíços não religiosos admitem acreditar em algum tipo de poder superior.
O relatório também mostrou que a queda do cristianismo é mais acentuada entre os protestantes tradicionais (6,9%), em relação ao catolicismo (5,7%).
Segundo a pesquisa, feita em 2021, muitos suíços que pertencem às igrejas históricas não praticam sua fé. Cerca de 40% dos protestantes reformados e 30% dos católicos romanos afirmaram que nunca oram.
Em relação à frequência na igreja, os protestantes reformados vão ao culto menos de 5 vezes por ano. Já os católicos participam da missa uma vez a cada um ou dois meses.
O estudo do Departamento Federal de Estatística revelou que os cristãos evangélicos, embora em menor número na Suíça, são os mais comprometidos com sua vida espiritual.
Os evangélicos oram com mais frequência: 30% oram várias vezes ao dia e 54% oram quase todos os dias.
Eles também são mais participantes em suas congregações, com 68% comparecendo ao culto pelo menos uma vez por semana.
Suíça e o Calvinismo
A Reforma Protestante na Suíça começou em 1519 com os sermões de Ulrich Zwingli, cujos ensinamentos em grande parte se assemelhavam aos de Lutero.
Em 1541, João Calvino, um protestante francês que havia passado a década anterior no exílio escrevendo suas “Institutas da Religião Cristã”, foi convidado a se estabelecer em Genebra e colocar em prática sua doutrina reformada.
A base dessa doutrina enfatizava o poder de Deus e o destino predestinado da humanidade. O resultado foi um regime teocrático de moralidade imposta e austera.
A Genebra de Calvino tornou-se um viveiro para exilados protestantes e suas doutrinas rapidamente se espalharam para a Escócia, França, Transilvânia e Países Baixos, onde o calvinismo holandês se tornou uma força religiosa e econômica pelos próximos 400 anos.